Atentados em Israel e tanques em Belém dificultam negociações

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Por Agencia Estado
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Dois atentados suicidas cometidos neste domingo por palestinos em Israel - causando a morte de 1israelense e ferimentos em 22 - prejudicaram as negociações para um cessar-fogo mediadas pelo enviado especial dos EUA ao Oriente Médio, general da reserva Anthony Zinni. Também complicou o diálogo o retorno dos tanques israelenses à Praça da Natividade, no Centro de Belém, na Cisjordânia, postando-se a 200 metros da Igreja da Natividade. Um palestino foi morto num confronto. Horas depois, os militares retiraram-se para posições mais periféricas. As tropas israelenses ainda permanecem, contudo, em Beit Jala - de onde grupos armados palestinos têm disparado contra o assentamento judaico de Guilo, em Jerusalém Oriental -, cercam várias cidades nos territórios palestinos e mantêm bloqueios de estrada. Num dos ataques suicidas de hoje, um palestino disparou contra pedestres perto de um colégio na rua principal de Kfar Sava, ao norte de Tel-Aviv, matando uma adolescente e ferindo outras 15 pessoas. Dois policiais e um motorista de caminhão reagiram rapidamente e mataram o atacante. As Brigadas dos Mártires de al-Aqsa assumiram a autoria do atentado. O fato de esse grupo radical ser vinculado à Fatah, facção a que pertence o presidente da Autoridade Palestina (AP), Yasser Arafat, dificultou ainda mais as negociações porque o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, exige que ele reprima os extremistas. O outro atentado suicida ocorreu duas horas depois em Jerusalém Oriental, a parte árabe da cidade, ocupada por Israel em 1967. Um homem detonou bombas que trazia amarradas ao corpo diante de um ponto de ônibus em French Hill. Ele morreu e sete passageiros ficaram feridos na explosão. O grupo fundamentalista islâmico Jihad Islâmica se responsabilizou pelo ataque. Zinni parecia otimista quanto à prespectiva de um cessar-fogo hoje, seu terceiro dia de encontros diários com dirigentes palestinos e israelenses. Ele se encontrou com Arafat em Ramallah e com o presidente de Israel, Moshe Katsav, em Jerusalém. Após os atentados, Zinni emitiu um comunicado destacando ser "fundamental que a Autoridade Palestina assuma suas responsabilidades e aja contra o terror". Ainda neste domingo, comandantes palestinos e israelenses reuniram-se na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, num primeiro esforço para agir contra a violência. Segundo a revista americana Time, Zinni pode propor o envio de observadores da Agência Central de Inteligência (CIA) às prisões e escritórios da AP. Citando fontes diplomáticas, a publicação informa que ele já teria proposto mecanismos de observação tanto a israelenses como a palestinos, de modo a assegurar que ambos os lados respeitem os termos de uma eventual trégua. Nesta segunda-feira chega a Israel o vice-presidente americano, Dick Cheney, que está realizando um tour por vários países do Oriente Médio como parte da campanha dos EUA contra o terrorismo. Em entrevista hoje no Bahrein, Cheney admitiu que a questão palestino-israelense tem dominado a maior parte de seus encontros com líderes da região e ofuscou outros temas importantes. Nos meios diplomáticos e governamentais em Washington e nas capitais árabes comenta-se que o objetivo primordial da visita de Cheney é buscar apoio para uma eventual ação contra o Iraque. A reocupação israelense de áreas autônomas palestinas nas últimas semanas - das quais o país se retirou em sua maior parte na sexta-feira - prejudicou os esforços de Cheney de buscar apoio no mundo árabe contra o ditador iraquiano, Saddam Hussein. Em Jerusalém, 17 famílias palestinas entraram com uma apelação nesta segunda-feira perante a Corte Suprema de Israel para que os juízes impeçam o Exército de destruir suas casas no sul da Faixa de Gaza. Elas vivem numa área perto da fronteira e receberam uma notificação dos militares para abandonarem suas residências ou entrarem na Justiça.

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