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Atentados matam 72 xiitas no Iraque

Série de ataques é a mais violenta desde o dia 22; crise sectária começou após a ordem de prisão contra o vice sunita e a retirada americana

Por BAGDÁ
Atualização:

Uma série de explosões ontem no Iraque matou ao menos 72 xiitas e feriu outros 60 nos subúrbios de Bagdá e em uma peregrinação a caminho de Kerbala. É o mais novo episódio de violência sectária no país, onde a tensão entre xiitas e sunitas tem crescido com a saída dos últimos militares americanos, no meio de dezembro. Embora nenhum grupo tenha assumido a autoria dos ataques, eles possuem as características dos realizados por insurgentes sunitas ligados à Al-Qaeda, como os atentados do dia 22, que deixaram 69 mortos em Bagdá. A crise sectária se acentuou no mês passado, quando o premiê xiita, Nuri al-Maliki, acusou o vice-presidente sunita, Tariq al-Hashemi, de estar ligado a um esquadrão da morte que agia contra xiitas e emitiu uma ordem de prisão contra ele.Os ataques de ontem, os mais violentos desde o dia 22, começaram pela manhã quando um carro-bomba e uma moto explodiram nos bairro xiitas de Sadr City e Kadhimiyah, em Bagdá. Vinte e sete pessoas morreram. A polícia diz ter desarmado outros dois explosivos. "Havia um grupo de operários esperando por uma entrevista de emprego. Então, alguém estacionou uma moto ali, que explodiu momentos mais tarde", disse um policial. Horas depois, um homem-bomba atacou uma procissão em Nasiriyah, a 320 km de Bagdá, que deixou 45 xiitas mortos. Eles se preparavam para participar do feriado de Arbaeen, que marca o fim do luto pela morte do Imã Hussein, uma das figuras mais importantes do xiismo. "Ainda é cedo para apontar suspeitos. Temos de esclarecer alguns pontos", afirmou o porta-voz do centro de operações da polícia em Bagdá, Qassim al-Mossawi. O vice-chanceler iraniano Hussein Amir Abdulahian condenou os ataques e acusou terroristas de provocarem enfrentamentos religiosos no país. O vice-presidente americano, Joe Bidentambém condenou a violência e exortou os políticos iraquianos a reunirem-se para resolver suas diferenças. Para a chefe de diplomacia da UE, Catherine Ashton, ataques como o de ontem apenas agravam uma situação política que já é frágil. "Os políticos iraquianos devem iniciar um diálogo autêntico e abrangente", declarou. Na terça-feira, o impasse provocado pelo rompimento entre Maliki e Hashemi fez o bloco sunita secular Iraqiya, membro da coalizão de governo, boicotar a sessão do Parlamento. / AP, AFP e REUTERS

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