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Atentados tiram Brasil da Alca, diz Jaguaribe

Por Agencia Estado
Atualização:

O atentado terrorista que aconteceu nesta terça-feira nos Estados Unidos tirou o Brasil da Alca. A afirmação é do ex-ministro Hélio Jaguaribe, presidente do Instituto de Estudos Político e Sociais, uma ONG. Ele acredita que, em reação aos ataques desta terça, os Estados Unidos se tornarão mais isolacionistas, unilateralistas, arrogantes e protecionistas. Em outras palavras, segundo o ex-ministro, a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) ficará em segundo plano, e os Estados Unidos muito mais intransigente nas negociações. "Os Estados Unidos vão ficar com raiva do mundo e assumirão a postura de que as negociações, quaisquer que sejam, ou serão nos termos deles ou não acontecerão", afirmou Jaguaribe, que participou do Fórum Euro-Latino-Americano, na Fiesp. O governo brasileiro tem defendido que só assinará os acordos da Alca se os Estados Unidos aceitarem discutir questões de acesso a mercado, principalmente nas áreas agrícola e siderúrgica. Jaguaribe afirmou que a tendência é que os Estados Unidos passem a se recusar a revisar, por exemplo, as cotas comerciais, as medidas antidumping e os subsídios agrícolas, questões que o Brasil considera prioritárias para entrar na Alca. Sem essa disponibilidade de negociar abertura de mercados, os Estados Unidos colocarão o Brasil em uma posição bastante difícil. "Só um louco assinaria a Alca nos termos que os Estados Unidos devem impor", ressaltou o ex-ministro, completando: "O bombardeio favorece o acordo do Mercosul com a União Européia, pois o Brasil não conseguirá nada da Alca". O ex-ministro avalia que, em busca de um culpado pelos atentados, os Estados Unidos vão retaliar qualquer país até conseguirem informações. Ele admitiu também que os ataques já estão promovendo uma reação étnica entre os norte-americanos, pois a Casa Branca já fechou as fronteiras com México (índio), mas manteve as fronteiras com o Canadá (branco) abertas. Ele acredita que o Brasil não sofrerá diretamente um impacto forte de reação aos atentados, apenas o endurecimento nos termos de negociação da Alca. Por último, o ex-ministro afirmou que o governo George W. Bush já vinha adotando posições duras e unilaterais, centradas no interesse próprio dos Estados Unidos, fator que também pode ter contribuido para os atentados.

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