10 de outubro de 2012 | 09h44
MINGORA, PAQUISTÃO - A defensora dos direitos das meninas no Paquistão Malala Yousafzai, 14 anos, continua internada nesta quarta-feira, 10, após passar por cirurgia para extração de uma bala de seu pescoço. Ela foi atacada ontem por um militante do Taleban em um ônibus com outras meninas, enquanto ia para a escola, na cidade de Mingora.
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Em uma operação que durou três horas, os médicos tiraram um projétil alojado no pescoço, perto da medula espinhal. Malala levou dois tiros e, segundo orientações médicas, deve ser transferida para o exterior, para receber melhor tratamento. O quadro de saúde da menina é estável e a imprensa paquistanesa especula que ela será levada a Dubai.
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Luta
Malala ganhou relevância internacional há três anos, quando passou a divulgar em um blog o regime de terror imposto pelo Taleban em sua região natal no Vale de Swat, no extremo norte do Paquistão.
Essa ousadia, assim como a de sua família, que a encorajou a seguir frequentando a escola apesar da proibição dos fundamentalistas, lhe valeu duras ameaças do grupo. Apesar dos talebans terem sido expulsos de Swat em 2009, a ameaça continuou e terminou com o ataque de ontem, quando a menina voltava da escola com duas amigas. "Dois homens pararam o veículo, perguntaram quem era Malala e dispararam contra ela e suas amigas", disse o policial de Swat, Wazir Badshá, que reconheceu que ainda ninguém foi detido pela agressão.
Em um extenso comunicado enviado à imprensa local, o Taleban assumiu o ataque, afirmando que "Malala foi atacada por seu papel pioneiro na prédica do secularismo e da chamada ilustração moderada". O texto recorreu a passagens do Corão para justificar o ataque às meninas e disse que matar Malala era uma "obrigação sob a sharia ('lei islâmica')".
Repercussões
No ano passado, Malala recebeu o Prêmio Nacional da Paz por sua defesa pela educação das meninas frente aos postulados dos fundamentalistas radicais. O atentado teve grande impacto no país. Muitas escolas da região fecharam as portas em forma protesto.
O chefe do Exército do Paquistão, general Ashfaq Parvez Kayani, divulgou uma declaração condenando o ataque. "Os terroristas não entenderam que ao atacar Malala eles não atacaram apenas um indivíduo, mas um ícone de coragem e esperança", disse Kayani, que raramente faz pronunciamentos públicos, mesmo sobre assuntos militares.
Autoridades e ONGs de direitos humanos também condenaram o ataque e alertaram para os desdobramentos que ele pode causar.
A representante dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Susan Rice, se manifestou pelo Twitter. "O futuro do Paquistão pertence a Malala e aos valentes jovens como ela. A história não se lembrará dos covardes que tentaram matá-la na escola".
Com agências de notícias
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