Ativista cumpre pena de 11 anos na China por manifesto por democracia

Liu Xiaobo já foi preso três vezes por críticas ao governo; China diz que prêmio pode prejudicar relações com a Noruega.

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Por BBC Brasil
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Jornalistas são impedidos de entrar no apartamento de Liu Xia após anúncio do Nobel O ganhador do prêmio Nobel da Paz Liu Xiaobo é, além de ativista político, autor e professor universitário. Mas apesar de ser conhecido internacionalmente, poucas pessoas na China conhecem seu nome. Liu cumpre pena de 11 anos por "subverter o poder" na China. A prisão e a fama internacional vieram depois de sua participação no manifesto Carta 08, que pedia mudanças políticas no país. Uma porta-voz do Ministério de Relações Exteriores Chinês disse à imprensa em Pequim na semana passada que homenagear Liu iria contradizer o objetivo do prêmio, já que o ativista está preso por "violar a lei chinesa". Horas antes, o diretor do Instituto Nobel da Noruega, Geir Lundestad, hdeclarou que um oficial chinês o havia alertado que conceder o prêmio a Liu Xiaobo afetaria as relações entre os dois países. Subversão O autor ficou conhecido em 1989, durante a repressão aos protestos da Praça Tiananmen, em Pequim. Pouco depois, Liu foi preso por dois anos pelo envolvimento com os manifestantes. Ele também foi proibido de ensinar na Universidade Normal de Pequim, onde era professor de literatura. Em 1996 Liu foi novamente aprisionado por falar em público contra o sistema político de partido único da China. Dessa vez, o professor foi enviado para um campo de "educação pelo trabalho" por três anos. No campo ele conheceu sua futura esposa Liu Xia. Em dezembro do ano passado, o autor foi preso pela terceira vez pela participação no manifesto Carta 08, que havia sido publicado dois anos antes. O manifesto, assinado por 300 acadêmicos, artistas, advogados e ativistas, pedia uma nova constituição, um poder judiciário independente e liberdade de expressão. Dias antes da publicação, Liu foi preso em sua casa. As autoridades chinesas só admitiram a prisão cerca de um mês depois. Durante o julgamento, o Departamento de Estado americano emitiu um comunicado a libertação do ativista. "Pedimos ao governo da China que liberte (Liu Xiaobo) imediatamente e que respeite os direitos de todos os cidadãos chineses de expressar pacificamente suas visões políticas", dizia o documento. Em entrevista à BBC alguns meses antes de ser preso, em 2008, ele disse: "O massacre de 1989 deixou uma impressão profunda em mim". Liu Xiaobo e sua esposa Liu Xia, que conheceu em um campo de trabalhos forçados Visitas mensais Liu foi julgado em dezembro de 2009 e sentenciado a 11 anos de prisão. A sentença foi condenada pela Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas e por países como Alemanha, Canadá e Suíça. A esposa do autor, Liu Xia, o visita uma vez por mês na prisão que fica na província de Liaoning, nordeste da China. As visitas duram uma hora e são monitoradas. "Mentalmente e fisicamente ele está bem. Ele corre por uma hora todos os dias, lê e me escreve cartas", diz a esposa. Ela acredita que sua contribuição para os direitos humanos será reconhecida no país: "Agora o nome dele é desconhecido. Mas um dia, mesmo que ele não seja considerado um herói, será lembrado como um bom cidadão - um modelo a seguir". O advogado de Liu já o havia informado de que seu nome foi cogitado para o Nobel, mas acredita-se que ele ainda não saiba sobre a premiação. O ativista é proibido de falar de assuntos políticos e atuais com seus visitantes na prisão. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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