Ativistas britânicos formam "Parlamento alternativo"

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Por Agencia Estado
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Mais de 1.000 ativistas antiguerra, entre eles membros do Partido Trabalhista, do primeiro-ministro Tony Blair, instalaram, num salão no centro de Londres, um "Parlamento alternativo" para denunciar o apoio do governo a uma ação militar no Iraque. Enquanto Blair discursava para congressistas no outro lado da rua, no Parlamento, a chamada Assembléia do Povo aprovava uma moção declarando que o governo não mais representava o povo britânico na questão do Iraque. "Ao ignorar todos os procedimentos democráticos, Blair na verdade liberou cada um de nós da obrigação moral de obedecer a um governo democrático", decretou o antigo legislador trabalhista e ativista da paz Tony Benn. "Estamos livres agora para seguir nossa própria consciência". Os participantes reunidos no Central Hall, alguns vestidos como esqueletos e carregando bandeiras de paz, também advertiram o governo que espere por uma campanha nacional de desobediência civil caso a Grã-Bretanha tome parte numa guerra no Iraque. A Coalizão Pare a Guerra explicou que a reunião de hoje era diferente das manifestações em massa antiguerra já realizadas na Grã-Bretanha porque todos os delegados eram representantes do povo - políticos, estudantes, líderes religiosos e membros de governos municipais e sindicatos - eleitos por grupos locais para participarem do encontro. Uma pesquisa divulgada na terça-feira pelo jornal The Times mostrou que apenas 19% dos britânicos apóiam uma guerra sem o aval da ONU. "Talvez alguns nos Estados Unidos estejam ficando um pouco impacientes com o povo britânico", admitiu Andrew Murray, presidente da Coalizão Pare a Guerra. "Mas nossa mensagem é, se vocês estão esperando que a opinião pública britânica dê um OK para levarem à frente a guerra, suas tropas vão ficar esperando no deserto por muito, muito tempo". O reverendo David James, de 47 anos, disse representar "um par de milhares" de pessoas na diocese de Birmingham, centro da Inglaterra. "Consideramos essa guerra imoral e sou cético sobre as razões pelas quais ela tem de ser realizada", afirmou. Bob Crow, líder de um dos maiores sindicatos britânicos, não chegou a pedir por uma greve geral no caso de guerra, mas exortou as pessoas a encontrarem formas pacíficas de perturbar o funcionamento do país. "Se Tony Blair vai fazer uma ação ilegal, então devemos também assumir ações ilegais na forma de desobediência civil", julgou. "Isso significa bloquear rodovias, sentar nas ruas e ocupar fábricas, o que seja". Crow é secretário-geral da RMT, o sindicato que já parou diversas vezes o metrô de Londres com greves por melhores salários. Adrian Mitchell, do Poetas Contra a Guerra, leu um poema intitulado "Quando Eles Dizem a Você Para ir à Guerra", que exortou as pessoas a "ir às ruas, tomar as ruas e parar completamente nossa nação. Quanto eles dizem a você para ir para a guerra, não vá, saia às ruas e crie a paz".

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