24 de outubro de 2013 | 02h05
Mas há alguns dias foram divulgados novos detalhes sobre a gigantesca espionagem dos aliados europeus realizada pela Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês). Por isso, alguns comissários de Bruxelas gostariam que os métodos da NSA, sua curiosidade histérica, fossem denunciados. No entanto, é preciso reconhecer que muitos europeus, os alemães à frente, não atribuem um sentido tão trágico às indiscrições dos "xeretas" americanos.
É a França que, mais uma vez, defende sua posição. François Hollande conversou com Barack Obama por telefone para dizer-lhe que não estava nem um pouco satisfeito. Aparentemente, Obama não perdeu o sono por isso. A imprensa americana, que reservou amplo espaço à questão, o fez num tom zombeteiro e condescendente.
O Los Angeles Times foi o primeiro: "Bom! Os franceses estão arruinados porque estão sendo espionados pela NSA! E vocês sabem o que isso significa? Isso significa que... bem, não significa nada", escreveu.
O jornal imagina a visita do embaixador americano ao gabinete do ministro de Relações Exteriores francês, Laurent Fabius. "Podemos supor", afirmou o LA Times, "que o embaixador degustou uma xícara de café com leite e algumas deliciosas 'pâtisseries' enquanto explicava a Fabius que não tinha a menor ideia do que ele estava falando."
O diário americano lembra que a França está longe de ser o melhor "cliente" da NSA. A agência americana investigou muito mais a Alemanha ou o México que a França. Será que foi isso que irritou os franceses? Eles estariam tristes, sugere o jornal, não porque não foram exageradamente espionados, mas porque não o foram suficientemente. "No mundo maravilhoso da informação, é preciso realmente ser uma nulidade, um 'zero à esquerda', para não ser espionado tanto quanto os outros."
É esse o tom da maioria das publicações americanas. Todo mundo espiona todo mundo. É a lei da modernidade. A França também espiona seus aliados. "Não há absolutamente motivo para se preocupar!"
Em todo caso, alguns jornais fazem à França a gentileza de levá-la (um pouco) a sério. É o caso do New York Times, que se preocupa com a queda da popularidade dos EUA no exterior, até entre seus aliados. "A escala na qual os EUA realizam operações eletrônicas clandestinas parece reduzir o 'soft power' americano, sua capacidade de influir nos assuntos mundiais com sua posição exemplar e sua liderança moral."
TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
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