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Aumenta a violência na Faixa de Gaza

Por Agencia Estado
Atualização:

Onze palestinos foram mortos por soldados israelenses na Faixa de Gaza nesta quarta-feira, ao mesmo tempo em que outros três eram mortos na Cisjordânia. Em meio à escalada da violência na Faixa de Gaza, militantes palestinos dispararam uma série de pequenos foguetes contra uma cidade israelense próxima, poucas horas depois de soldados de Israel terem perpetrado uma incursão de grandes proporções, para atacar pequenas siderúrgicas supostamente responsáveis pela fabricação de armas. A reação dos palestinos desencadeou uma nova ação do Exército israelense, que bloqueou em dois pontos a rodovia que corta a Faixa de Gaza de norte a sul, dividindo em três o território palestino. Soldados israelenses e militantes palestinos entraram em choque na Faixa de Gaza em diversas ocasiões durante os mais de dois anos e quatro meses do atual conflito armado. Os confrontos, porém, acirraram-se nos últimos dias, depois que o grupo islâmico Hamas assumiu a responsabilidade por um ataque que deixou quatro soldados israelenses mortos, na semana passada. Gerald Steinberg, um analista político israelense, disse que Israel tenta enfraquecer o Hamas antes do fechamento de um possível acordo de cessar-fogo. "O que o Exército israelense está fazendo é destruir o máximo possível da capacidade do Hamas antes que um cessar-fogo entre em vigor", comentou. Ghassan Khatib, um ministro de gabinete palestino, acusou Israel de tentar intensificar o conflito. "Os israelenses estão tentando escalar e ampliar a violência num momento em que percebemos uma drástica redução da violência palestina, durante os últimos dois meses", afirmou. Numa incursão iniciada na noite de ontem, tanques israelenses e soldados entraram em choque com militantes palestinos e forças de segurança nas ruas da Cidade de Gaza. Os confrontos entraram pela madrugada de hoje. Onze palestinos foram mortos, sendo sete supostos militantes islâmicos ou agentes de segurança e quatro civis, informaram fontes hospitalares. Outras 25 pessoas ficaram feridas. Os israelenses tinham como objetivo atacar pequenas metalúrgicas suspeitas de fabricar armas e foguetes utilizados pelo Hamas para atacar israelenses, informou o Exército. Os soldados do Exército do Estado judeu também destruíram diversas casas e danificaram uma escola. O fornecimento de energia elétrica foi interrompido em boa parte da Cidade de Gaza. Os soldados israelenses retiraram-se antes do amanhecer, cerca de seis horas depois de 40 tanques terem entrado no bairro de Shajaiyeh. A porta-voz do Exército, capitão Sharon Feingold, qualificou a operação como "preventiva, seletiva e orientada contra uma fortaleza do Hamas". Horas depois, militantes palestinos responderam lançando quatro foguetes contra a cidade israelense de Sderot. Três israelenses ficaram feridos, informou o Exército. Nenhum grupo assumiu a responsabilidade, apesar de o Hamas atuar com regularidade nessa área. No passado, os moradores de Gaza eram contra o uso de foguetes por parte dos militantes, pois quase sempre os ataques provocam duras respostas militares israelenses. Neste caso, porém, Khatib apontou a incursão israelense como responsável pela retaliação palestina. O fundados do Hamas, xeque Ahmed Yassin, disse que o grupo abdicou do uso de foguetes por um tempo, mas agora retomará todas as armas disponíveis. "Algumas pessoas têm em mente que se você levantar uma bandeira branca, o inimigo conterá sua agressão. Aqui, no entanto, quanto mais você fica quieto, mais agressão recebe em troca. Não temos escolha, a não ser defendermos e resistirmos utilizando todos os meios disponíveis de resistência", disse ele à Associated Press News Television. Yassin disse que Israel "perdeu sua sanidade". O ministro da Defesa de Israel, Shaul Mofaz, disse que, após o ataque de foguetes, seu Exército continuará operando na Faixa de Gaza "no âmbito de sua política geral de combate ao Hamas". Após o lançamento dos foguetes contra Sderot, o Exército de Israel começou a erigir barreiras de concreto na estrada, dividindo em três o estreito território palestino e restringindo o direito de ir e vir dos moradores de Gaza. Enquanto isso, outros três palestinos eram mortos na Cisjordânia. Um homem morreu e outros quatro ficaram feridos quando uma bomba explodiu dentro de um carro em Jenin, disseram fontes. A organização Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, à qual pertencia a vítima, acusou Israel de ser responsável pela explosão. Na cidade velha de Nablus, dois palestinos foram assassinados por soldados israelenses, durante buscas de casa em casa. Um dos mortos era um padeiro de 32 anos, a caminho do trabalho, e o outro era um jovem de 16 anos em meio a um grupo de atiradores de pedras, disseram testemunhas. O Exército israelense alegou que o homem mais velho recusou-se a parar quando recebeu ordens dos soldados israelenses, e por isso foi morto. O rapaz foi morto depois de lançar uma bomba de gasolina contra os soldados, segundo a versão dos militares israelenses.

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