Aumento das criações de animais traz novas doenças--estudo

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A expansão da criação comercial de animais como vacas e porcos está provocando novas epidemias de zoonoses em âmbito mundial, e gerando problemas mais graves nos países em desenvolvimento, por ameaçar a segurança alimentar, segundo um estudo divulgado nesta sexta-feira. Epidemias como a Sars (síndrome respiratória aguda grave, na sigla em inglês) e a gripe suína H1N1, ambas com origem animal, causaram prejuízos de bilhões de dólares nos últimos anos. Cerca de 700 milhões de pessoas criam animais nos países em desenvolvimento, e essas criações representam até 40 por cento das rendas familiares, de acordo com o estudo do Instituto Internacional de Pesquisas da Criação Animal, com sede no Quênia. "Os países ricos estão lidando de forma efetiva com as doenças nas criações animais, mas na África e na Ásia a capacidade dos serviços veterinários para monitorar e controlar surtos está ficando perigosamente para trás da intensificação da criação", disseram os pesquisadores John McDermott e Delia Grace em nota que acompanha o estudo. "Essa falta de capacidade é particularmente perigosa porque muita gente pobre no mundo ainda depende de animais de criação para alimentar suas famílias, enquanto a crescente demanda por carne, leite e ovos entre consumidores urbanos no mundo em desenvolvimento está alimentando uma rápida intensificação da produção animal." Eles acrescentaram que 75 por cento das doenças infecciosas emergentes se originam em animais, e que destas 61 por cento são transmissíveis de animais para humanos. "Uma nova doença emerge a cada quatro meses; muitas são triviais, mas o HIV, a Sars e a gripe aviária (H5N1) ilustram os enormes impactos potenciais", escreveram os cientistas. A epidemia da Sars em 2003 causou prejuízos de 50 a 100 bilhões de dólares, e um relatório de 2010 do Banco Mundial estimou que uma pandemia de gripe aviária poderia ter um custo de 3 trilhões de dólares. Em 2009, a gripe suína H1N1 também causou graves prejuízos. O estudo alerta que a rápida urbanização e a mudança climática também podem afetar, "dramaticamente para pior," a distribuição de doenças. (Reportagem de Tan Ee Lyn)

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