SYDNEY - A decisão de um estado australiano de trancar mais de três mil pessoas em torres de habitação pública para conter um segundo surto de covid-19 não foi baseada em conselhos de saúde diretos e violou direitos humanos, disse a ouvidora do estado de Victoria em um relatório.
Victoria, o segundo estado mais populoso da Austrália, fechou nove torres de moradias públicas por vários dias em julho devido a um aumento nos casos de coronavírus.
O diretor de saúde em exercício de Victoria teve apenas 15 minutos para considerar e aprovar o bloqueio, incluindo os impactos potenciais sobre os direitos humanos, disse a ouvidora Deborah Glass em seu relatório divulgado nesta quinta-feira, 17.
“O confinamento apressado não era compatível com os direitos humanos dos residentes, incluindo seu direito a tratamento humano quando privados de liberdade..., a ação parecia ser contrária à lei”, disse ela.
Os moradores de oito torres ficaram confinados em seus apartamentos por cinco dias, mas a nona torre, que teve o maior número de infecções, passou por um bloqueio total de duas semanas.
Alguns ficaram sem comida e medicamentos, enquanto muitos outros esperaram mais de uma semana para poder sair, disse o relatório.
O governo estadual reconhece que erros foram cometidos, mas disse que as decisões foram tomadas para garantir a segurança dos moradores.
"Não pedimos desculpas por salvar a vida das pessoas, absolutamente nenhuma desculpa por salvar a vida das pessoas", disse o ministro da Habitação do estado de Victoria, Richard Wynne, a repórteres.
Não ficou imediatamente claro se as descobertas abririam quaisquer recursos legais para os residentes processarem o governo.
Victoria foi colocada em um bloqueio estadual dias depois que as autoridades fecharam as torres para conter novos surtos, mas desde então eliminou efetivamente o vírus devido ao fechamento.
Nenhum novo caso foi notificado no estado por 48 dias consecutivos até esta quinta./Reuters