Autoridade iraniana sugere que França comande programa nuclear em Teerã

A proposta foi feita pelo chefe da Agência de Energia Atômica Iraniana durante entrevista a uma emissora de rádio francesa

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Por Agencia Estado
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Na tentativa de ganhar território nas discussões em torno do programa nuclear iraniano, o Teerã deu mais um passo nesta terça-feira. O deputado chefe da Agência de Energia Atômica Iraniana, Mohammad Saeedi, propôs que a França encabece um consórcio para o enriquecimento de urânio do país, dentro dos padrões internacionais de segurança. A proposta de Saeedi foi feita durante uma entrevista a uma emissora de rádio francesa, em Teerã, sugerindo duas empresas francesas como possíveis parceiras do consórcio. "Para chegarmos a uma solução, nós temos apenas uma idéia. Propomos que a França crie um consórcio para a produção, no Irã, de urânio enriquecido", afirmou o chefe da agência. "Dessa maneira, a França, por meio de empresas como a Eurodif e a Areva, pode controlar um caminho tangível das nossas atividades de enriquecimento de urânio", afirmou. Areva é uma companhia controlada pelo Estado com atividades em vários países. A Eurodif tem uma fábrica de enriquecimento de urânio na França e já trabalho no Irã antes. Nenhuma das empresas quis comentar a proposta nesta terça. Saeedi não deu mais detalhes da sua proposta, e não foi suficientemente claro durante a entrevista à emissora francesa. No entanto, seus comentários aparecem como uma nova iniciativa iraniana para resolver o impasse da crise nuclear. As potências mundiais temem que o programa de enriquecimento de urânio - classificado de pacífico pelo país - se transforme numa alternativa de produção de armas nucleares de destruição em massa. O Irã ignorou uma resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que colocou o mês de agosto como a data limite para que o país suspenda o programa de enriquecimento de urânio, sob a ameaça de possíveis sanções. Com poder de veto no Conselho de Segurança, a França está liderando um conjunto de países que tentam convencer o Irã a deixar de lado suas atividades nucleares. Atualmente, os franceses são um dos maiores dependentes de energia elétrica gerada a partir de fontes nucleares - algo em torno de 75% da energia consumida é originada de reatores atômicos. A Rússia já havia feito uma proposta muito próxima da defendida pelo chefe da agência iraniana de energial nuclear - pretendia enriquecer o urânio de Teerã em território russo, mas o Irã recusou.

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