COPENHAGUE - O Ministério Público da Dinamarca admitiu nesta quinta-feira, 24, que pretende trocar as queixas contra o inventor Peter Madsen e acusá-los pelo homicídio da jornalista sueca Kim Wall, cujo corpo mutilado foi encontrado há alguns dias na costa de Copenhague.
Madsen, de 46 anos, permanece em prisão preventiva desde o dia 11 de agosto por suspeita de homicídio involuntário com circunstâncias agravantes, depois de ter modificado sua declaração inicial e assegurar que Kim morreu em seu submarino em razão de um acidente e ele jogou o corpo no mar.
"O Ministério Público espera, até 5 de setembro, pedir ao tribunal a prisão por homicídio e levantar a acusação de tratamento indecente ao cadáver", disse o funcionário público Jakob Buch-Jepsen ao site do jornal BT. Ele revelou ainda que deve constar no pedido a solicitação para submeter Madsen a um exame psiquiátrico.
A polícia anunciou na quarta-feira que os exames de DNA comprovaram que o torso encontrado é de Kim, 30 anos, e foi cortado de forma deliberada. Autoridades seguem em busca das partes restantes do corpo da jornalista e de suas roupas, já que ela foi encontrada nua.
Kim Wall foi vista pela última vez no dia 10 de agosto a bordo do submarino de fabricação caseira de Peter Madsen, o qual ela pretendia entrevistar. O desaparecimento foi denunciado por seu namorado no dia seguinte.
Pouco depois, o inventor de 46 anos foi resgatado pelas autoridades dinamarquesas em Öresund, entre a costa da Dinamarca e da Suécia, antes do naufrágio do submarino. A investigação policial confirmou que a embarcação naufragou de maneira deliberada.
Madsen é conhecido pelos seus desenhos de submarinos e por ser cofundador da firma Copenhagen Suborbitals, criada em 2008 com o objetivo de fazer lançamentos ao espaço.
O tablóide local The Ekstra Bladet disse, citando fontes que não quiseram se identificar, que o inventor pediu para ser transferido para confinamento solitário, alegando medo de ser atacado na cadeia.
Ambição espacial
O dinamarquês Peter Madsen é um inventor fanático movido por uma ambição voraz que beira a megalomania. Ele cresceu na pequena cidade de Saeby, a alguns quilômetros de Copenhague. Seus pais se separaram quando tinha seis anos e ele foi morar com o pai, um homem autoritário.
Fundou sua primeira empresa aos 15 anos, a Danish Space Academy, com o objetivo de comprar peças para construir um foguete. Em 2008, lançou o "UC3 Nautilus", um dos maiores submarinos particulares do mundo na época, mas não abandonou sua ambição espacial.
Apesar das conquistas profissionais, Madsen é descrito por alguns de seus amigos como uma pessoa não violenta, que "não bebe e não se droga". Porém, outros conhecidos alegam que ele tem um temperamento errático e não aceita que o contradigam. / EFE, AP e AFP