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Autoridades da Venezuela fazem busca em escritórios da Odebrecht no país

Empreiteira teria pago propina a funcionários do governo e a líderes da oposição

Atualização:
Odebrecht admitiu ter pago US$ 98 milhões em propina na Venezuela Foto: Miguel Gutiérrez/EFE

CARACAS - Autoridades venezuelanas fizeram buscas na terça-feira, 14, nos escritórios da construtora brasileira Odebrecht em Caracas, como parte das investigações por supostas irregularidades cometidas na contratação de obras públicas no país. 

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A operação foi encabeçada pela Direção Geral de Contrainteligência Militar e pela Procuradoria Geral e ocorreu dois dias após o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, exigir sanções contra os responsáveis pelas supostas irregularidades.

Em comunicado, o Ministério Público disse que a intenção foi buscar elementos para comprovar eventuais crimes. A procuradoria, por sua vez, afirmou que a investigação busca determinar se as obras para as quais a construtora foi contratada foram concluídas, estabelecer qual seria o destino do dinheiro não usado nas obras e ver se funcionários públicos se beneficiaram.

Maduro reafirmou nesta terça-feira que o governo terminará todas as obras que a Odebrecht deixou pendentes.

Um tribunal venezuelano determinou a detenção de uma pessoa por suposta corrupção com a Odebrecht, disse recentemente a procuradora-geral, Luisa Ortega Díaz. Ela confirmou que o Ministério Público investiga as operações da construtora brasileira, que teria pago suborno por US$ 98 milhões na Venezuela.

A procuradora disse que solicitou ao Ministério Público do Brasil uma cópia certificada da delação do empresário Marcelo Odebrecht como parte da investigação realizada na Venezuela sobre as supostas irregularidades da empresa no país. 

A Venezuela também pediu ao Ministério Público brasileiro autorização para tomar depoimentos de pessoas envolvidas e solicitou às autoridades suíças cópias certificadas da lista de pessoas de nacionalidade venezuelana que receberam depósito de dinheiro de bancos suíços da Odebrecht, bem como de movimentações bancárias de venezuelanos que apareçam como beneficiários de depósitos bancários realizados pela empresa ou qualquer outro representante

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A Assembleia Nacional da Venezuela, de maioria opositora, também abriu uma investigação sobre as obras. Entre elas há pontes, estações de metrô e obras nos setores elétrico e ferroviário. 

Suspeita. O presidente Maduro afirmou ainda nesta terça-feira que "há um governador envolvido no caso Odebrecht" que poderia ser preso, ainda que não tenha dito seu nome.

Auxiliares de Maduro dizem que ele se referia ao governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles, um dos líderes da oposição. Ele seria vinculado ao esquema da Odebrecht por meio de obras da empreiteira em seu estado, segundo revelou o Wall Street Journal.

O oposicionista, no entanto, nega as acusações. "Pretendem me converter em bode expiatório", afirmou na terça-feira em uma rede social. / AP e EFE

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