Autoridades do Iraque roubaram US$ 800 mi, diz ex-ministro

Investigadores iraquianos estão avaliando mais de mil casos de corrupção

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Por Agencia Estado
Atualização:

O ex-ministro das Finanças do Iraque Ali Allawi disse à rede de televisão americana CBS que integrantes do governo interino no país roubaram cerca de US$ 800 milhões em operações fraudulentas para a compra de armas para o país. Segundo Allawi, cerca de US$ 1,2 bilhão tinha sido reservado à compra de novas armas, mas aproximadamente US$ 400 milhões foram gastos em equipamentos ultrapassados e o resto foi roubado. A agência de notícias Associated Press diz que a maior parte das compras fraudulentas de armas teriam ocorrido durante o governo interino chefiado pelo ex-primeiro-ministro Ayad Allawi (primo de Ali Allawi), que assumiu o poder em 28 de junho de 2004 e deixou o governo em abril de 2005. Ali Allawi não revelou a identidade de ninguém que estaria por trás do roubo do dinheiro. No momento, investigadores iraquianos estão avaliando mais de mil casos de corrupção, envolvendo mais de US$ 7 bilhões. Ali Allawi disse que os Estados Unidos e a Grã-Bretanha fizeram pouco para recuperar o dinheiro ou apanhar os supostos culpados, que estariam "viajando ao redor do mundo". "Nós não recebemos nenhum apoio sério ou oficial nem dos Estados Unidos nem da Grã-Bretanha ou de qualquer país árabe vizinho", disse ele. "A única explicação que eu posso dar é que muitas pessoas em posições de poder e autoridade no novo Iraque estiveram, de uma forma ou de outra, envolvidos com isso." "E se eles fossem levados a julgamento, isso lançaria uma luz muito humilhante sobre as pessoas que os apoiaram e os colocaram naquela posição de poder e autoridade", afirmou Allawi. O chefe da Comissão Iraquiana de Integridade Pública, Radhi al-Radhi, disse que obteve mandados de prisão para várias autoridades em outubro de 2005, mas quase todos os suspeitos fugiram do país. Nenhum deles teve o nome citado. Porém, o programa ´60 Minutes´, da rede americana CBS, levou ao ar uma gravação de áudio feita em Amã, na Jordânia, em 2004, em que uma autoridade do governo iraquiano, Ziad Cattan, aparentemente fala com outra pessoa sobre subornos pagos a autoridades iraquianas. Cattan era o responsável pelos gastos com armamentos na época em que o desvio de dinheiro teria ocorrido. Ele negou que tenha feito algo ilegal e disse que a gravação foi adulterada.

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