Autoridades europeias discutem medidas contra crise de transporte

Voos continuam cancelados em grande parte da Europa pelo quinto dia devido à nuvem de cinzas.

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Por BBC Brasil
Atualização:

Ministros dos transportes de diversos países europeus vão se reunir nesta segunda-feira para discutir formas de aliviar o impacto da crise no setor de transporte provocada pela nuvem de cinzas expelidas pelo vulcão da geleira de Eyjafjallajoekull, na Islândia. A reunião ocorrerá por videoconferência e será organizada pelo governo da Espanha. Entre as medidas em discussão está a possibilidade de levar para a Espanha passageiros da Ásia e dos Estados Unidos que precisam chegar à Grã-Bretanha. Da Espanha, eles continuariam suas viagens por navios, balsas, trem ou carro. Mais de 6,8 milhões de passageiros foram afetados pela maior crise no setor de transporte desde os atentados de 11 de setembro de 2001. A crise entra nesta segunda-feira no seu quinto dia. Mais de 63 mil voos foram cancelados nos últimos quatro dias, provocando perdas estimadas em torno de US$ 200 milhões (R$ 350 milhões) por dia. Autoridades europeias e algumas empresas estão pressionando a Eurocontrol, a agência que monitora o tráfego aéreo na Europa, para liberar o espaço aéreo em partes da Europa. Esperanças No domingo, o comissário europeu de Transportes, Siim Kallas, e o ministro espanhol para a Europa, Diego Lopez Garrido, disseram após reunião com representantes da Eurocontrol que têm esperanças de que alguns voos sejam retomados. Mas o chefe de operações da Eurocontrol, Brian Flynn, disse à BBC neste domingo, que mesmo que a nuvem se desloque do espaço aéreo de metade da área atualmente afetada, isso não significa que metade dos voos serão retomados. No domingo, as companhias aéreas e os aeroportos europeus pediram a revisão imediata das restrições impostas aos voos no norte e centro da Europa por causa da nuvem de cinzas. Dois órgãos que representam a maioria das companhias e aeroportos europeus - ACI Europe e AEA - questionaram a extensão das restrições, adotadas desde que o vulcão voltou a entrar em erupção, na quarta-feira. Algumas companhias aéreas que realizaram voos de teste disseram que, aparentemente, não foram causados danos aos aviões que atravessaram a nuvem. Cerca de 20 países europeus fecharam seu espaço aéreo e alguns estenderam a proibição aos voos até segunda-feira. Autoridades de aviação impuseram restrições aos voos temendo que as cinzas - uma mistura de partículas de vidro, areia e rocha - contidas na nuvem entrassem nos motores e entupissem as turbinas, causando sérios danos aos aviões. Testes Segundo a ACI Europe e a AEA, "a erupção do vulcão islandês não é um evento sem precedentes e os procedimentos aplicados em outras partes do mundo no caso de erupções vulcânicas não parecem exigir os tipos de restrições que atualmente estão sendo impostas na Europa". Uma das empresas que realizou testes no fim de semana foi a holandesa KLM. Seu executivo-chefe Peter Hartman, que estava a bordo, afirmou que não ocorreu "nada de incomum" durante o voo. "Se a perícia técnica confirmar isso... nós esperamos obter permissão para reiniciar parcialmente nossas operações o mais rápido possível", disse ele. A companhia aérea britânica British Airways também ia realizar um teste neste domingo a tarde, mas os resultados só devem ser anunciados na segunda. Segundo o editor de negócios da BBC, Robert Peston, os executivos da empresa temem que o serviço não volte a se normalizar até a próxima quinta-feira, pelo menos. As duas maiores empresas da Alemanha, Lufthansa e Air Berlin, também anunciaram ter realizado testes sem sofrer qualquer dano, bem como a Air France. A porta-voz da Air Berlin Diana Daedelow disse à BBC que "É impressionante que essas conclusões... aparentemente tenham sido ignoradas no processo de decisão das autoridades de segurança aérea". O ministro dos Transportes britânico, Andrew Adonis, afirmou neste domingo, depois de uma reunião de emergência na sede do governo britânico, que de acordo com as previsões meteorológicas, não será seguro voar sobre o norte da Europa na segunda-feira. Brian Flynn, da Eurocontrol, afirmou que as autoridades da aviação estão lidando com um "fenômeno desconhecido", mas rejeitou que a agência tenha adotado excesso de cautela. "Com o objetivo maior de proteger o público", disse ele, "essas medidas excepcionais tiveram que ser adotadas". Caos O caos aéreo piorou no domingo. Segundo a Eurocontrol, apenas 4 mil dos 24 mil voos programados normalmente, deveriam ser realizados no espaço aéreo europeu. No sábado, houve apenas 5 mil voos. O espaço aéreo britânico permanecerá fechado até as 19h de segunda-feira, hora local (15h em Brasília). A República da Irlanda também vai manter seu espaço aéreo fechado até às 13h de segunda-feira (hora local( e a maioria dos aeroportos franceses deve permanecer fechada até terça-feira, informou o governo. Mas os aeroportos do norte da Espanha, inclusive o de Barcelona, foram reabertos neste domingo. O aeroporto de Kiev, na Ucrânia, também foi reaberto. Passageiros no norte da Europa vêm buscando alternativas de transporte, lotando trens, ônibus, balsas e usando até táxis em viagens internacionais. O vulcão da geleira de Eyjafjallajoekull, na Islândia, entrou em erupção pela segunda vez em um mês na quarta-feira passada, expelindo uma coluna de fumaça a uma altura de cerca de 8,5 quilômetros. Especialistas não sabem quanto tempo esta erupção deve durar. A última erupção vulcânica debaixo da geleira, antes deste ano, começou em 1821 e continuou por dois anos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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