O Irã parece disposto a voltar à mesa de negociações para chegar a uma solução para o conflito causado pelo programa nuclear que seu país desenvolve. O porta-voz do Ministério de Exteriores do Irã, Hamid Reza Asefi, afirmou neste domingo que, caso a razão domine as negociações e o direito iraniano não seja violado, pode-se chegar a uma solução. "Contudo, se as conversas transcorrerem em função de objetivos previamente estabelecidos, a situação pode ser diferente", disse Asefi em entrevista coletiva. O porta-voz iraniano acrescentou que seu país não teme possíveis sanções, e afirmou que as ameaças da Casa Branca "não são novidade". "As autoridades americanas gostam de ir contra a opinião pública mundial, gabando-se de seu unilateralismo. O Irã acredita que essas ameaças são irracionais", declarou Asefi. "Os EUA conhecem nossa capacidade. Tomamos suas ameaças como (parte de) uma guerra psicológica", afirmou. O embaixador do Irã na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Ali Asghar Soltanieh, também acredita que as negociações poderão ser retomadas. Segundo ele, seu país está preparado para negociar o programa nuclear, mas rejeita a imposição de "condições prévias". "Estamos prontos para voltar à mesa de negociações e acabar com quaisquer ambigüidades sobre nossas atividades nucleares", afirmou Soltanieh. Por outro lado, o embaixador defendeu o direito de seu país de continuar com o processo de enriquecimento de urânio, que afirmou ter fins pacíficos. Negativa de acordo As declarações de Asefi chegam em um momento em que a comunidade internacional pede a Teerã que renuncie a seu plano de enriquecimento de urânio, apesar de o prazo que a ONU ofereceu para a suspensão ter expirado em 31 de agosto. O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, recebeu hoje o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e lhe disse que seu país não aceita a suspensão de seu o polêmico programa de enriquecimento de urânio como condição prévia a negociações nucleares. O ministro das Relações Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki, concedeu uma entrevista coletiva conjunta com Kofi Annan após a reunião e explicou que Ahmadinejad deixou claro a Annan que o Teerã acredita que seu direito à energia nuclear é inegociável. "Esclarecemos a ele que nossas atividades nucleares são pacíficas", disse Mottaki. "A bola agora está no pé dos EUA e do Reino Unido, e vamos dar o tempo suficiente para que (ambos) se pronunciem sobre nossa resposta", disse Mottaki em referência à refutação do Irã manifestada no último dia 22 sobre o pacote de incentivos oferecido pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (França, Reino Unido, Rússia, China e Estados Unidos) e a Alemanha. Por sua vez, Annan disse que, após ouvir seus interlocutores iranianos, está "otimista". Além disso, acrescentou que agora entende melhor a postura do Irã, a qual pretende levar ao CS. O secretário-geral também frisou que, nestes dois dias de visita, os iranianos lhe transmitiram sua disposição permanente ao diálogo sobre seu programa nuclear.