Autoridades iraquianas censuram dados sobre vítimas civis

Em um ano e quatro meses, 601 mil civis morreram no Iraque; ONU se baseia em dados do IML de Bagdá para formular estimativas do número de vítimas

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Governo iraquiano determinou que as autoridades médicas do país não devem fornecer às Nações Unidas dados sobre mortos e feridos no país entre a população civil, segundo a edição desta sexta-feira do jornal francês Le Monde. O chefe da missão da ONU no Iraque, Ashraf Qazi, foi responsável pelo alerta à sede da organização sobre a censura, que "corre o risco de afetar a capacidade" de sua missão para "informar o número de civis mortos ou feridos", segundo o jornal. O Le Monde publicou em sua edição diária o conteúdo do telegrama que Qazi enviou à sede da ONU em Nova York. Desde julho de 2005, a ONU se baseia em dados do Instituto Médico-legal de Bagdá e do Ministério da Saúde iraquiano para formular estimativas "imperfeitas", mas que são um indicador "do número crescente de vítimas civis" do conflito, destaca o telegrama. O último relatório afirmava que 3.590 civis tinham morrido violentamente em julho de 2006. Em agosto, o relatório aponta a morte de 3.009, números considerados "sem precedentes" por Qazi, de acordo com o Le Monde. Depois de o Ministério da Saúde divulgar o relatório, em 21 de setembro, o primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, escreveu uma carta pedindo ao titular da pasta que não voltasse a divulgar tais dados. Entre março de 2003 e julho de 2006, cerca de 601 mil civis morreram no Iraque de forma violenta, segundo uma estimativa de especialistas em saúde pública americanos e da Universidade de Bagdá publicada na semana passada pela revista médica britânica The Lancet.

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