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Avião teleguiado do Iraque parece um aeromodelo

Por Agencia Estado
Atualização:

Um avião guiado por controle remoto - que segundo os Estados Unidos é capaz de espalhar armas químicas - é feito de madeira balsa e fita adesiva industrial, possui duas pequenas hélices e tem a aparência de um aeromodelo. As autoridades iraquianas levaram hoje os jornalistas estrangeiros para uma visita à empresa estatal Firnas, ao norte de Bagdá, onde o diretor do projeto aeronáutico acusou o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, de enganar o público e o Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Powell "cometeu um erro grave", afirmou o brigadeiro Imad Abdul Latif. "Ele sabe muito bem que esse avião não é utilizado para o que disse." O chanceler norte-americano insiste que o avião - com 7,4 metros de envergadura - poderia ser utilizado para espalhar armas químicas e biológicas a afirmou que isso deveria ser fonte de preocupação "para todo o mundo". A fuselagem branca do avião tem as inscrições "Deus é grande" e "Quds-10". Suas asas de madeiras estavam unidas por fita isolante. As autoridades disseram que chamam o avião operado por controle remoto de RPV-30A. De acordo com Latif, o avião é controlado visualmente a partir da terra. Questionado sobre se o raio de atuação da aeronave supera os 150 quilômetros permitidos pela ONU, ele esclareceu que o raio de alcance da aeronave é de apenas oito quilômetros a partir da base. De acordo com ele, futuros testes a serem feitos pelas autoridades internacionais mostrarão que a aeronave não supera o limite estabelecido pela ONU. O diretor-geral da Firnas, general Ibrahim Hussein, refutou as acusações de Powell e do secretário de Imprensa da Casa Branca, Ari Fleischer, segundo os quais o avião poderia dispersar armas químicas e biológicas. "Este RPV será utilizado em missões de reconhecimento, bloqueio de comunicações eletrônicas e fotografias aéreas", afirmou. "Nunca pensamos em outro uso" para ele, garantiu. O embaixador norte-americano na ONU, John Negroponte, queixou-se no fim de semana de que o chefe dos inspetores de armas químicas e biológicas da entidade, Hans Blix, não mencionou a existência do avião num depoimento ao CS na semana passada. Blix, no entanto, citou a existência do avião num relatório de circulação restrita aos membros do CS da ONU e qualificou o assunto como questão pendente, a ser resolvida por meio das inspeções.

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