Aviões israelenses sobrevoam residência de presidente sírio

Objetivo da ação é pressionar o líder sírio a trabalhar pela libertação do soldado israelense capturado por militantes palestinos no último domingo

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Por Agencia Estado
Atualização:

Aviões da Força Aérea israelense sobrevoaram a residência de verão do presidente sírio na madrugada desta quarta-feira, numa clara tentativa de pressionar Bashar Assad a trabalhar pela libertação do soldado israelense capturado por militantes palestinos no último domingo. A Síria possui vínculos estreitos com o Hamas, um dos grupos responsáveis pelo seqüestro, e abriga um de seus principais líderes exilados. Segundo fontes militares israelenses, os jatos sobrevoaram uma casa que pertence a Assad na cidade mediterrânea de Latakia, no noroeste da Síria. De acordo com a TV israelense, quatro aviões participaram do vôo de baixa altitude, e Assad estava em casa no momento da ação. O vôo pôde ser ouvido do solo, disseram os militares israelenses. De acordo com eles, Assad foi procurado devido aos "estreitos vínculos" entre a Síria e o Hamas, o grupo palestino cujo braço armado mantém sob custódia o soldado israelense Gilad Shalit. O líder supremo do Hamas no exílio, Khaled Mashaal, vive no país. Desde o seqüestro de Shalit, Israel ameaçou assassinar Mashaal diversas vezes. Mais cedo nesta quarta-feira, o país voltou a ameaçá-lo. Para os serviços de inteligência israelenses, Mashaal deu a ordem para que as milícias palestinas atacassem a base de Telem, local em que Shalit foi seqüestrado. Além disso, devido à sua influência dentro do braço armado do Hamas, os batalhões de Izadin Qassam, ele estaria bloqueadno as iniciativas do primeiro-ministro palestino, Ismail Haniyeh, de conseguir a libertação do soldado. "Ele é decididamente um possível alvo e está na nossa mira", afirmou nesta quarta-feira o ministro da Justiça de Israel, Haim Ramon, um dos homens de confiança do chefe do governo, Ehud Olmert. Israel já tentou assassinar Mashaal em 1997 na Jordânia. A operação fracassou porque dois dos agentes foram detidos pela segurança jordaniana. Defesa antiaérea A Síria confirmou na noite desta quarta-feira (horário local) que teve seu espaço aéreo invadido por aviões israelenses. Segundo autoridades do país, as aeronaves foram forçadas a fugir depois que sua artilharia antiaérea respondeu à invasão. "O sobrevôo de aviões israelenses sobre a cota síria é um ato agressivo de provocação", anunciou a televisão estatal síria, citando um funcionário do ministério da Informação do país. "A defesa aérea nacional abriu fogo contra os aviões, e eles desapareceram", completou a reportagem. A TV síria não mencionou, no entanto, o rasante das aeronaves israelense sobre a residência oficial de Assad. Apesar da investida israelense, o presidente sírio cumpriu os compromissos de sua agenda nesta quarta-feira, encontrando-se em Damasco com o porta-voz do parlamento libanês Nabih Berri e com o primeiro-ministro jordaniano, Marouf al-Bakhit. Esta é a segunda vez que Israel sobrevoa a residência de verão de Assad. Em agosto de 2003, os aviões da Força Aérea israelense voaram tão baixo que as janelas do palácio foram destruídas pelo barulho. Na época, Israel alegou que o sobrevôo tinha como objetivo pressionar Assad a desmantelar os grupos militantes palestinos baseados em território sírio. Já em outubro de 2003, aviões israelenses bombardearam uma base de treinamento da Jihad Islâmica no país. A investida foi uma retaliação contra um atentado suicida promovido pela Jihad Islâmica em um restaurante israelense. O ataque deixou 19 mortos. Matéria alterada às 17h40

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