Avós da Praça de Maio encontram 70ª criança desaparecida

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Por Agencia Estado
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Foram necessários quase 22 anos para que Rodolfo Roisinblit soubesse que era Rodolfo Roisinblit: há poucos meses uma jovem de nome Mariana, guiada por anos de investigações e uma denúncia, o visitou no bar em que trabalhava em Buenos Aires para informar-lhe que poderia ser o filho de desaparecidos políticos durante a última ditadura militar da Argentina (1976-83). Além disso, lhe disse que se isso fosse confirmado ela mesma seria sua irmã. O rapaz possui um simbolismo especial para a organização de defesa dos Direitos Humanos, Avós da Praça de Maio, dedicada à procura das crianças desaparecidas durante o regime militar: ele é a septuagésima criança localizada. Além disso, o jovem é neto da vice-presidente das Avós, Rosa Roisinblit, uma das figuras históricas da organização. Durante a Ditadura, mais de 30 mil pessoas desapareceram ou foram mortas pelos militares e forças policiais. Entre elas, um número especulado entre 300 e 500 crianças ? filhas dos desaparecidos - foram seqüestradas ou nasceram durante o cativeiro das mães. Grande parte das crianças foi adotada por famílias de repressores que não podiam ter filhos, mas outras foram para famílias que desconheciam sua origem. A procura das crianças é feita com esforço próprio das Avós: o governo ignora a investigação e no ano retrasado quase cortou do Orçamento Nacional as verbas necessárias para a manutenção de um banco de dados genético que permite a identificação dos desaparecidos. Além disso, as forças armadas negam-se a fornecer qualquer ajuda que permita a localização dos bebês desaparecidos, que agora são adultos.

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