PUBLICIDADE

Bachelet apóia baixa de oficiais por falas sobre Pinochet

Militares "não podem passar a fazer as leis", disse a presidente, em relação aos dois oficiais que emitiram opiniões políticas a favor do ex-ditador Augusto Pinochet

Por Agencia Estado
Atualização:

A presidente chilena, Michelle Bachelet, respaldou a decisão do chefe do Exército, general Oscar Izurieta, que destituiu esta semana dois oficiais que emitiram opiniões políticas a favor do falecido ex-ditador Augusto Pinochet. Em declarações na sexta-feira à noite aos canais 7 e 13 da televisão reproduzidas neste sábado pela imprensa, a presidente manifestou que os militares "não podem passar a fazer as leis". Os expulsos são o neto do ex-governante, o capitão Augusto Pinochet Molina e o general Ricardo Hargreaves, chefe da V divisão do Exército, assentada na cidade de Punta Arenas. A governante indicou que o capitão Pinochet Molina "emitiu juízos políticos que, além disso, afetavam outros poderes do Estado". Durante o funeral de seu avô, o ex-oficial defendeu o golpe militar liderado por Pinochet em 1973 e arremeteu contra os juízes a cargo dos processos por violações aos direitos humanos e corrupção contra o ex-ditador (1973-1990). O general Hargreaves, em entrevista concedida na quarta-feira, afirmou que foi "partícipe da causa de Augusto Pinochet" e que a segue "compartilhando". "Embora sejam consideradas humanamente legítimas (as declarações do general), um soldado "tem que se reger pelo que a Constituição da República define", disse Bachelet. Na quinta-feira, a presidente tinha dito que com a morte de Pinochet "uma referência de divisões, ódio e violência" tinha terminado. Bachelet disse que, quando soube da morte de Pinochet, não se recordou de ninguém em particular, porque ela "já não é somente Michelle Bachelet", mas a Chefe de Estado. A presidente é filha do general de aviação Alberto Bachelet, que colaborou com o governo de Salvador Allende, e que morreu na prisão em 1974, após ser submetido a torturas. A presidente relatou que estava almoçando com sua filha quando o general Izurieta lhe informou da morte do general. "Comecei a trabalhar imediatamente (...) meu trabalho foi tomar as medidas para garantir funerais em ordem e segurança e também que aqueles que quisessem se expressar o pudessem fazer", indicou, acrescentando que se sentiu "tranqüila e satisfeita com as medidas que foram tomadas".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.