"Bagdá está em chamas", diz TV Al-Jazira

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Por Agencia Estado
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Uma barragem de poderosos mísseis e bombas caiu hoje sobre Bagdá, criando imensas bolas de fogo e nuvens de fumaça durante a noite na capital iraquiana. Cerca de duas horas depois, ouviu-se pela primeira vez desde o início do ataque liderado pelos EUA ao Iraque o som de aviões. Um imenso incêndio tomou grande parte do sul da cidade, iluminando o horizonte. O complexo presidencial no Palácio Antigo foi novamente atingido, depois de uma pausa nos mais pesados ataques a Bagdá desde o início do conflito. Não ficou imediatamente claro quais foram os alvos atingidos na parte sul da cidade, mas grandes nuvens de fumaça negra subiam aos céus. Uma grande refinaria de petróleo e instalações militares estão localizadas no sul. As cidades de Mosul e Kirkuk - um centro petrolífero-chave - também foram atacadas na noite de hoje. O porta-aviões USS Kitty Hawk sozinho lançou 320 mísseis de cruzeiro contra Bagdá e seus arredores durante a noite de hoje, disse o almirante responsável pela embarcação. Mais cedo na capital, a sirene de alerta contra ataques aéreos e fortes explosões marcaram o início dos ataques aéreos liderados pelos norte-americanos por volta das 21h locais, sendo imediatamente seguidos por estrondosas detonações em grande parte da cidade de 5 milhões de habitantes. Os iraquianos respondiam com artilharia antiaérea. Muitos prédios tremeram e então se incendiaram no coração da capital. Três grandes incêndios tomaram o amplo complexo do Palácio Antigo, na margem ocidental do rio Tigre, mas o prédio central aparentemente não foi atingido. O prédio do Ministério do Planejamento também foi atacado, segundo a tevê por satélite árabe Al-Jazira. "Bagdá está em chamas", disse o correspondente da rede. "O que mais podemos dizer?" As luzes da cidade piscaram, mas voltaram quando o bombardeio começou. A televisão continuou no ar, mas a rádio, não. O complexo ao longo do Rio Tigre também abriga um campo da Guarda Republicana e unidades presidenciais que são as bases do controle de Saddam Hussein. Inspetores da ONU fizeram uma visita de surpresa em meados de janeiro, mas relataram não ter encontrado armas de destruição em massa no local. A Al-Jazira divulgou grandes explosões e flashes de luz em três direções em Mosul, mas não houve aparentemente estragos dentro da cidade. Explosões foram ouvidas em Dohuk, no norte, Kirkuk e na estrada que liga Mosul à Síria. Bombardeiros B-52 também sobrevoaram a cidade de Kirkuk, disse um líder da União Patriótica do Curdistão, um partido governista no enclave autônomo curdo. O ministro da Defesa iraquiano, general sultão Hashim Ahmed, disse a repórteres que forças da coalizão também estavam alvejando as cidades de Basra e Nassiriyah. Antes dos bombardeios noturnos, um ar de normalidade havia retornado hoje a Bagdá, depois dos ataques da manhã de quinta-feira e, novamente, à noite. Hoje cedo, as lojas estavam abertas e os moradores saíram às compras. Carros passavam pelas ruas. Mas ainda havia uma forte presença de forças de segurança e polícia patrulhando a cidade. A Agência de Notícias Iraquiana divulgou que 37 pessoas haviam sido feridas nos bombardeios de quinta-feira à noite. O ministro da Informação admitiu que uma das casas de Saddam foi atingida no primeiro bombardeio na noite de quinta. Ele disse que ninguém ficou ferido. "Eles bombardearam a residência da família dele", afirmou numa entrevista coletiva Mohammed Sa´eed al-Shahhaf. "Mas graças a Deus, eles estão todos sãos e salvos." Al-Shhaf não poupou críticas ao "criminoso George Bush e sua gangue". "Eles são a superpotência dos bandidos. Eles são a superpotência de Al Capone", afirmou. "Não permitiremos que eles saiam deste pântano no qual os prendemos. Eles assistirão ali ao seu fim." Perto dele, em uniforme militar, o ministro de Interior Mahmoud Diab al-Ahmed carregava um fuzil Kalashnikov e munição, e vestia um colete à prova de balas, com uma faca no bolso e um revólver no coldre. "Alguns de vocês devem estar se perguntando por que eu carrego um Kalashnikov e visto um colete à prova de balas", disse. "Porque todos nós no Iraque prometemos nunca largarmos nossas armas até o dia da vitória." Sahhaf também negou que os soldados norte-americanos tenham avançado pelo Iraque e garantiu que as imagens de militares iraquianos rendidos foram fabricadas. "Eles não eram soldados", afirmou. "De onde eles o trouxeram?", questionou. Veja o especial :

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