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Bancada rebelde deixa presidente chilena em apuros

Por Rodrigo Martins
Atualização:

Só dois dólares, em vez de 90 milhões, foi a verba que o Congresso chileno liberou para o sistema de transportes em Santiago, apesar de o governo, teoricamente, ter maioria parlamentar. A rebelião de alguns parlamentares governistas está inclinando a balança em favor da oposição e causando mais uma dor de cabeça para a presidente Michelle Bachelet. O mandato dela começou, em março de 2006, com uma cômoda maioria na Câmara e uma estreita vantagem no Senado. Mas parlamentares descontentes com o governo estão remexendo o panorama político chileno. Numa grave derrota política, o governo da coalizão Concertación (centro-esquerda) não conseguiu aprovar no Senado, na terça-feira, a liberação de 90 milhões de dólares para o sistema Transantiago, que é até agora o maior problema da gestão Bachelet. Os senadores ratificaram a decisão de alguns dias atrás, de conceder apenas mil pesos (cerca de dois dólares) para o Transantiago. "Acho que [a rebelião parlamentar] veio para ficar. Parece-me que cada vez mais essa maioria terá de ser construída caso a caso", disse à Reuters o professor de Ciência Política Fabián Pressacco, da Universidade Alberto Hurtado. "O governo terá de acentuar sua habilidade negociadora, de conversação e de diálogo com esses legisladores para conseguir seu respaldo em alguns projetos de lei que lhe são emblemáticos", acrescentou. A Concertación, formada principalmente por socialistas e democratas-cristãos, governa o Chile desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, em 1990. Já foram quatro presidentes consecutivos. O projeto Transantiago começou em fevereiro, com uma mudança completa no percurso dos ônibus da capital. Mas, em vez de encurtar os trajetos, houve inconvenientes e atrasos, o que abalou diretamente a popularidade de Bachelet.

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