PUBLICIDADE

Bastião conservador dos Estados Unidos oscila entre partidos

Eleitorado do Colorado se aproxima de agenda conservadora, mas não tem lealdade fixa ao Partido Republicano

Por Denise Chrispim Marin , DENVER e EUA
Atualização:

DENVER, EUA - A mentalidade do Velho Oeste, distante de Washington e muito desconfiada da ajuda federal, é o que mais difere o Colorado dos outros dez Estados indefinidos e cruciais para a reeleição do democrata Barack Obama ou para a vitória de seu adversário, o republicano Mitt Romney. Nesse terreno, o eleitor médio pode ser mais radical ou moderado, mas não deixará de ser conservador. Mesmo o democrata de longa data. 

PUBLICIDADE

O Colorado, com seus nove delegados no Colégio Eleitoral, tem sido exaustivamente assediado por Obama e por Romney e palco de trabalho de milhares de seus voluntários. No Estado, cortado pelas Montanhas Rochosas, os dois candidatos estão em empate técnico.

 

A média das pesquisas mais recentes calculada pelo site Real Clear Politics, mostra o presidente com 48,4% e seu adversário republicano com 47,4%.

 

Um dos principais desafios dos candidatos é Denver, a capital do Estado, a meio caminho de duas cidades completamente opostas: Colorado Springs, ultraconservadora e sede de mais de 80 megaigrejas evangélicas, e Boulder, uma espécie de centro do movimento hippie e sede de uma universidade inspirada no budismo.

 

Se Colorado Springs é terreno cativo de Romney, Boulder é de Obama. Denver, por sua vez, é um território a ser desbravado pelas duas campanhas, com boa quantidade de eleitores desanimados e indecisos.

Conservadores

 

Romney, no Colorado, pode ter o voto da maioria dos eleitores brancos das zonas rurais, mas Obama é quem aglutina o eleitorado latino, 46% do total, dos conservadores moderado e dos mais progressistas, como os habitantes de Boulder. De acordo com Seth Masket, diretor do Departamento de Ciência Política da Denver University, o ex-presidente George W. Bush até poderia ser considerado tão conservador quanto Romney, mas, ao contrário do atual candidato republicano, tinha experiência em lidar com o eleitor hispânico.

Publicidade

 

"Obama tem mais a ver comigo, uma universitária hispânica, do que Romney”, resumiu Beatriz Ramirez, de 20 anos. Bob Hilton, restaurador de aviões antigos, e sua mulher Ann, consultora, são republicanos de Denver e não mudarão de lado. No dia 2 de outubro, aproveitaram um comício de Romney na cidade para se aproximar do candidato. Bob trazia uma plaquinha com o total da dívida pública federal americana: US$ 16 trilhões. “Obama gastou muito dinheiro público. E o gastou mal. Não soube como reativar a economia”, criticou.

 

À espera do discurso de Obama, dois dias depois, Sharon Tabe, secretária executiva aposentada, e a manicure Emma Lane, ambas negras, se diziam parte dos 47% de americanos - uma alusão à declaração de Romney, em um evento de arrecadação de fundos de campanha em Boca Raton, na Flórida, de que uma parcela dos eleitores do presidente dependem do governo e não pagam impostos. “Eu pago muito mais imposto (proporcionalmente) do que Romney”, reclamou Sharon.

Os republicanos Bob e Ann e as democratas Sharon e Emma têm algo em comum: todos são voluntários da campanha de seus candidatos em Denver e atuam agressivamente para convencer os eleitores de seu partido a votar na terça-feira e tentam atrair a simpatia dos indecisos.

Indecisos

 

PUBLICIDADE

No Colorado, os eleitores que ainda não decidiram em quem votar somam apenas 4,2%. Nesta eleição apertada, eles farão diferença. O trabalho dos voluntários, de bater de porta em porta em busca de convencer os eleitores a votar, será decisivo.

Os alvos do exército de voluntários são pessoas como Jason Wayne, um paramédico de 36 anos, que aproveita os domingos para consertar bicicletas. Ele contou que não está disposto a votar nesta eleição. De acordo com ele, isso seria “uma grande dor de cabeça” e não contribuiria para influenciar nas decisões tomadas em Washington. “É meu direito não votar”, afirmou.