Battisti ficará preso em Brasília até decisão sobre extradição

Ex-terrorista nega acusações italianas de envolvimento em quatro assassinatos cometidos nos anos 70 e diz que é perseguido por questões políticas

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Por Agencia Estado
Atualização:

O ex-dirigente da extrema esquerda italiana Cesare Battisti, foragido da Justiça francesa desde 2004 e detido no domingo, 18, no Rio de Janeiro, ficará preso em Brasília até que sua extradição seja decidida pelo Supremo Tribunal Federal, informou a Polícia Federal. Enquanto isso, o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ) anunciou que iniciará um movimento pedindo que Battisti receba asilo político no Brasil. Battisti, que estava há 26 anos fugindo da Justiça européia, estava vivendo no Rio de Janeiro desde 2004, segundo a polícia. Ele foi detido em uma ação conjunta da polícia brasileira com a Interpol e as polícias francesa e italiana, segundo a informação. A Polícia Federal começou a preparar no domingo mesmo um esquema especial para transferir o detido, mas não deu muitos detalhes por razões de segurança, segundo a imprensa. O italiano estava na condição de imigrante ilegal quando foi detido, e sua identidade foi comprovada através das impressões digitais. Battisti, de 52 anos, é solicitado pela Itália, onde foi condenado à prisão perpétua em 1993, devido ao suposto envolvimento em quatro assassinatos cometidos nos anos 70 pelo grupo Proletários Armados pelo Comunismo, ligado ao grupo extremista italiano Brigadas Vermelhas. No entanto, o ex-terrorista italiano alega inocência sobre as acusações de assassinato e, constantemente, através dos livros que escreveu, ele afirma que não cometeu esses crimes que a direita italiana lhe atribui", afirmou Gabeira. Um dos advogados de Battisti na França, Eric Turcon, disse em Paris que a Justiça brasileira deve agora decidir se a condenação italiana à revelia é compatível com a legislação do Brasil. Turcon lembrou que, enquanto na França uma pessoa julgada em sua ausência pode reivindicar um novo processo antes de ir para a prisão, na Itália essa possibilidade não existe e, portanto, teria que ser detida sem opção de recurso.

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