Beira-Mar nega vínculos com a guerrilha

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Por Agencia Estado
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Esgotado e com o braço direito ferido e enfaixado, Luiz Fernando da Costa, vulgo Fernandinho Beira-Mar, apareceu este domingo perante à imprensa e negou ter vínculos com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). "Não tenho vínculos com as FARC e a guerrilha também não me deu proteção", afirmou Fernandinho na base militar de Marandua, no sudoeste da Colômbia. Mas o comandante das Forças Armadas colombianas, general Fernando Tapias, assegurou que Beira-Mar, que provavelmente controlava cerca de 60% das operações do tráfico de drogas no Brasil, estava sob a proteção da Frente 16 das FARC, que opera nas selvas dos departamentos (estados) de Vichada e de Guainía, na fronteira com a Venezuela e com o Brasil. Além disso, o convicto narcotraficante, foragido da Justiça brasileira, recebia US$ 500 por cada quilo de cocaína que comprava das FARC para enviar para o exterior. "Vivi nestas zonas criando gado", afirmou Beira-Mar, refutando as acusações do governo colombiano que o vinculam também ao tráfico de armas para a guerrilha. Fernandinho foi preso no sábado durante uma operação conjunta da Força Aérea colombiana com tropas de infantaria do Exército. O pequeno avião no qual tentava fugir foi obrigado a aterrissar na quinta-feira em Morichal, a cerca de 580 km a sudoeste de Bogotá, e 48 horas depois ele foi capturado, com ferimentos em um braço, recebidos durante a primeira tentativa do Exército de prendê-lo, 40 dias atrás. O ministro da Defesa, Luis Fernando Ramírez, que veio desde Bogotá junto com jornalistas para apresentar Fernandinho, disse que a prisão do narcotraficante brasileiro é um golpe para o narcotráfico e para a guerrilha. "Este é o começo do fim dos cartéis da droga que operam na fronteira com Brasil e Venezuela e o fim do cartel de Fernandinho - que era o maior da Colômbia depois dos desaparecidos cartéis de Medellín e de Cali", afirmou Ramírez. "Além disso, foi dado um duro golpe nas finanças das FARC", acrescentou Ramírez, que disse que para alcançar a paz na Colômbia é necessário tirar da guerrilha (esquerdista) e das autodefesas (paramilitares de direita) o financiamento que elas obtêm através do narcotráfico. Beira-Mar foi capturado dentro da "Operação Gato Preto", iniciada em 2 de fevereiro contra a Frente 16 das FARC. Desde então, segundo os militares, foram destruídos 65 laboratórios para o processamento de cocaína e 18 mil hectares de plantações de coca. Também foram descobertos 1.100 uniformes, que se supõe terem sido roubados das forças militares venezuelanas, e várias pessoas foram capturadas, incluindo a esposa de Fernandinho e outros dois brasileiros.

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