17 de novembro de 2021 | 20h36
MINSK - O governo de Belarus finalmente aceitou negociar uma solução para a tensão na fronteira com a União Europeia. No entanto, as decisões do presidente belarusso, Alexander Lukashenko, não apontam para o fim da crise. Nesta quarta-feira, 17, o regime reduziu o fornecimento de petróleo para a Polônia em razão da “manutenção não prevista” de um oleoduto.
A crise migratória, segundo os europeus, é provocada por Lukashenko, um autocrata que governa Belarus há quase 30 anos. Para se manter no poder, ele fraudou as eleições do ano passado – que ele venceu com mais de 80% dos votos – e vem reprimindo com violência a oposição. A UE impôs sanções ao regime, que não tem muitas armas para enfrentar o bloco.
Por isso, a saída encontrada por Lukashenko foi atrair imigrantes do Oriente Médio e enviá-los à fronteira com a UE, uma forma pouco sutil de desestabilizar os países do bloco. Outra ferramenta que o belarusso tem à disposição é cortar o fornecimento de energia – é por Belarus que passa boa parte do gás natural e do petróleo consumido na Europa e da eletricidade da Ucrânia.
Lukashenko já ameaçou cortar o gás da Europa antes. As bravatas, geralmente, se intensificam com a chegada do inverno, já que o aquecimento residencial em muitos países da UE depende do envio do produto russo que passa por Belarus. Concretizar um corte total no fornecimento de energia, no entanto, é mais problemático, porque afetaria também as próprias finanças do país de trânsito – Belarus – e de quem produz – a Rússia.
Talvez por isso, segundo analistas, Lukashenko tente manter todas as opções sobre a mesa. Nesta quarta-feira, após uma conversa com a chanceler alemã, Angela Merkel, ele aceitou negociar uma solução para a crise na fronteira com a UE. Funcionários europeus e belarussos iniciariam o diálogo “o mais rápido possível”, segundo disseram assessores de Lukashenko à agência estatal de notícias Belta. /REUTERS
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