Bélgica avisou polícia catalã sobre imã que planejou ataques na Catalunha, diz imprensa

Segundo jornais espanhóis, em março de 2016 as forças de segurança fizeram alerta sobre Abdelbaki Es Satty; ministro de Interior catalão, Joaquim Forn, diz que contato informal se limitou a pedir dados sobre suspeito, que na época vivia em cidade belga

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Por Redação
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BARCELONA - A polícia de Vilvoorde, na Bélgica, comunicou há 17 meses ao número dois do serviço de informação da Mossos d'Esquadra, a polícia autônoma da Catalunha, suas suspeitas sobre Abdelbaki Es Satty, o imã cérebro da célula terrorista que perpetrou ataques terrorista em Barcelona e Cambrils, afirmou a imprensa espanhola nesta quarta-feira, 24.

Segundo reportagens de vários meios de comunicação, o aviso ocorreu em março de 2016 durante a estadia de Es Satty em Vilvoorde, cidade à qual tinha chegado dois meses antes. O local foi, por vários anos, considerado um dos principais redutos dos jihadistas da Europa.

Abdelbaki Es Satty, o imã que teria planejado ataques terrorista na Catalunha, morou por um período em 2016 na cidade belga de Vilvoorde Foto: AFP PHOTO / BELGA / DIRK WAEM

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Este teria sido o primeiro alerta das forças de segurança sobre Es Satty, que pouco depois se deslocou à localidade catalã de Ripoll para exercer o papel de imã.

De acordo com o jornal "El País, o chefe da Unidade de Análise Estratégica da polícia catalã, Daniel Canals, respondeu por e-mail às suspeitas da polícia de Vilvoorde sobre os possíveis laços terroristas de Es Satty. Em 8 de março daquele ano, Canals disse que Es Satty "não era conhecido", mas uma pessoa com o mesmo sobrenome tinha sido investigada por seus vínculos.

Tratava-se de seu parente Mustafa Es Satty, imã suplente em 2006 em uma mesquita em Vilanova i la Geltrú, que viveu em um apartamento pelo qual passaram pelo menos dois terroristas diretamente envolvidos nos atentados de Madri de 2004, que deixaram 192 mortos e mais de 1,8 mil feridos. 

Outro lado

Em entrevista nesta quinta-feira, o ministro de Interior do governo regional da Catalunha, Joaquim Forn, disse que as forças de segurança da Bélgica se limitaram a pedir, de forma informal, dados Es Satty e negou que a polícia local tenha cometido um "erro" nesse contato com os agentes de Vilvoorde.

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No entanto, Forn disse que as autoridades catalãs não foram informadas em nenhum momento que o imã estava sendo investigado ou era perigoso. O ministro regional também reforçou que não havia dados sobre Es Satty nos arquivos das forças de segurança locais.

Forn se disse preocupado e criticou alguns veículos de imprensa da Espanha que, segundo ele, querem "sujar e desacreditar" o trabalho dos policiais.

Segundo ele, se o pedido de informação tivesse sido formal, teria que ter sido feito através do Ministério do Interior da Espanha, já que as autoridades regionais do país não podem ter relação direta com as forças de segurança estrangeiras.

Recrutamento

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Satty também teria tentado recrutar terroristas na Bélgica, informou nesta quarta o jornal belga "La Dernière Heure". A publicação diz, no entanto, que a iniciativa "não significa que teve sucesso" nesse trabalho.

O prefeito de Vilvoorde, Hans Bonte, assegurou que o imã de Ripoll despertou receios na própria comunidade muçulmana na região no período em que ficou hospedado na casa de um primo.

"O imã da localidade vizinha de Diegem veio perguntar por ele, ao viver em Vilvoorde. Parecia um homem estranho, que dizia que vinha da Espanha porque ali não tinha futuro e se autoproclamava imã, ainda que não tivesse nenhum credencial para isso", explicou. / EFE

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