Bélgica prende 14 em ação antiterror

Polícia age horas antes de reunião da UE, após interceptar mensagem suicida

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Por AP e Bruxelas
Atualização:

A polícia belga deteve ontem 14 supostos extremistas que teriam laços com a Al-Qaeda durante batidas realizadas em Bruxelas e no leste da Bélgica. Entre os presos, está um militante que supostamente planejava um ataque suicida e uma conhecida blogueira que prega a jihad. A investida contra o grupo ocorreu horas antes do início de uma reunião de cúpula da União Européia - que levou a Bruxelas os líderes de 27 países. As autoridades, porém, não especificaram o local onde seria lançado o suposto ataque. Cerca de 250 policiais participaram da operação em 16 localidades da capital belga e na cidade de Liège, no leste do país. Na ação, que ocorreu durante a madrugada, a polícia confiscou computadores, equipamento de armazenamento de dados e uma pistola. "Não havia escolha hoje a não ser intervir", disse o promotor público federal Johan Delmulle. Segundo ele, um dos suspeitos havia gravado o que parecia ser um vídeo de martírio, que incluía uma mensagem de despedida. "Fica claro que temos de tratar com seriedade a ameaça do terror", disse o primeiro-ministro da Bélgica, Yves Leterme, antes da reunião da UE. Helicópteros sobrevoavam a capital e policiais escoltavam comboios de comitivas oficiais estrangeiras que se deslocavam para a área da reunião. Os suspeitos haviam estado no Paquistão e no Afeganistão, e é possível que os planos para o ataque suicida tenham sido elaborados naqueles países. As batidas policiais foram relacionadas a uma investida semelhante lançada antes do Natal do ano passado e Delmulle disse que a investigação mostrou, na época, que "havia em Bruxelas um grupo de pessoas encarregado de cometer um atentado". Os investigadores esperaram durante um ano antes de agir - preferindo desmontar a célula inteira em vez de uma única de suas seções. "Agora está claro para todos que nós estamos lidando com uma ameaça concreta", declararam porta-vozes dos Ministérios da Justiça e do Interior. "É muito provável que tenhamos frustrado uma tentativa de ataque a Bruxelas." A investigação concentrou-se em pessoas relacionadas a Nizar Trabelsi, um tunisiano de 37 anos que foi sentenciado em 2003 a 10 anos de prisão por planejar um ataque contra o refeitório de uma base aérea belga onde estavam alojados cerca de cem militares americanos, utilizando-se de um carro-bomba. Os serviços secretos de diversos países europeus suspeitam que Trabelsi, que treinou com a Al-Qaeda no Afeganistão, tivesse laços com extremistas na Grã-Bretanha, França e em outras partes da Europa. Na época das prisões do ano passado, as autoridades tornaram a segurança mais rigorosa, alertando para um grau maior de risco de ataques. A polícia intensificou as patrulhas no aeroporto de Bruxelas, nas estações de metrô e no mercado natalino no centro da cidade, que tradicionalmente atrai multidões de consumidores. As autoridades não divulgaram a identidade dos detidos, mas Claude Moniquet, presidente do Centro Europeu de Inteligência Estratégica e Segurança, com sede em Bruxelas, afirmou que entre os detidos está a blogueira Malika el-Aroud .

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