Berlusconi acusa promotores que querem indiciá-lo de subversão

Premiê italiano acusa magistrados que querem julgá-lo de agirem com motivações políticas

PUBLICIDADE

Por Guilherme Aquino
Atualização:

O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, disse que os procuradores que querem ele seja julgado por acusações de abuso de poder e por ter mantido relações sexuais com uma menor de idade estão agindo de forma subversiva e ''repugnante''. ''Estas ações estão violando a lei, elas vão contra o Parlamento, porque os promotores de Milão não têm jurisdição; a vítima não existe e não sofreu qualquer ameaça'', afirmou Berlusconi. O premiê acrescentou ainda que ''todas estas coisas têm um objetivo subversivo''. O procurador-chefe do Tribunal de Justiça de Milão, Edmondo Bruni Liberati, deve entregar nesta quarta-feira o pedido oficial do julgamento imediato de Berlusconi. A juíza Cristina Di Censo vai ter cinco dias de prazo, com a possibilidade de solicitar um período adicional, para estudar os autos do processo e decidir se as motivações do grupo de promotores, formado por Ilda Boccassini, Pietro Forno e Antonio Sangermano, se sustentam ou não. Se o premiê for para o banco dos réus poderá se condenado a uma pena de até 15 anos de prisão. Ele afirma ser vítima de uma perseguição política por parte da magistratura italiana. Escândalo No centro das acusações está a dançarina marroquina Karem El Mahroug, conhecida como Ruby, frequentadora das festas noturnas na residência privada do premiê, em Arcore. Ela é a ''parte ofendida'' no processo. Berlusconi teria pago Ruby para fazer sexo. Na época, ela tinha 17 anos. A dançarina, hoje com 18 anos, afirmou que recebeu um ''presente'' de 9 mil euros (cerca de R$ 20 mil) e disse que que não é prostituta e que o dinheiro não era pagamento por prestação de serviços sexuais. Logo depois dos encontros em Arcore, Ruby foi presa por furto, em maio do ano passado. Silvio Berlusconi - alertado por uma conhecida em comum, a brasileira Michelle Conceição, teria intercedido junto aos policiais para soltar a jovem, alegando que ela era uma sobrinha do presidente egípcio Hosni Mubarak. Para não perder tempo, o grupo de promotores decidiu não citar também como ''parte ofendida'' no processo a brasileira Iris Berardi, suspeita de ter recebido dinheiro de Silvio Berlusconi em troca de prestações de serviços sexuais, em dezembro de 2009. Ela teria passado a noite em Arcore quando ainda era menor de idade, mas as investigações continuam sendo feitas com a análise de gravações telefônicas. A brasileira, em depoimentos aos jornais italianos, negou o incidente. Defesa A defesa de Berlusconi rejeita as acusações e pede que o caso seja julgado por um tribunal especial - o Tribunal dos Ministros - já que ele estava no exercício do mandato no período ao qual as acusações se referem. Os advogados afirmam que os promotores violaram a Constituição. Eles também pretendem demonstrar que Ruby, ao ser presa, teria tentado mentir sobre o ano da data de nascimento, fingindo ser maior de 18 anos para os policiais. Assim, ela teria também enganado Silvio Berlusconi. Neste meio tempo, o governo tenta retomar a aprovação de leis que dificultem a autorização judicial para as escutas telefônicas e que acelerem os prazos dos processos na Justiça. Os adversários políticos afirmam que estas leis servem para proteger o primeiro-ministro Silvio Berlusconi envolvido em diversos processos nos quais o crime de corrupção é um ponto em comum. O Tribunal de Milão, a partir de diferentes varas penais, marcou audiências para os dias 28 de fevereiro, 5 e 11 de março, para três diversas causas contra Silvio Berluconi e suas empresas. Protestos Antes, no dia 13 de fevereiro, está marcada uma grande manifestação popular pedindo a saída de Silvio Berlusconi. O evento chamado ''Se não Agora, Quando?'' será realizado nas praças públicas das principais cidades do país e é organizado por um grupo de mulheres. No domingo passado, houve pancadaria entre policiais e manifestantes diante da casa de Silvio Berslusconi, em Arcore, durante um protesto pela sua demissão. Já no sábado, dez mil pessoas, entre elas o escritor Umberto Eco, participaram de um encontro público em Milão para exigir a renúncia do primeiro-ministro.

 

BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.