Berlusconi diz que crime não deterá reformas

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Por Agencia Estado
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O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, prometeu, nesta quarta-feira, seguir adiante com as reformas trabalhistas, depois que um dos principais idealizadores do seu plano reformista foi morto a tiros - o segundo assassinato em três anos de um assessor do governo que trabalha para mudar o rígido sistema trabalhista italiano. O economista Marco Biagi foi morto em frente ao prédio onde morava em Bolonha, na terça-feira à noite, por dois homens armados numa motocicleta, afirmam as autoridades. O ministro do Interior, Claudio Scajola, que falou no Parlamento italiano, nesta quarta, depois de antecipar a volta de uma viagem aos Estados Unidos, culpou os extremistas pela tentativa de prejudicar a democracia. Scajola disse que pelo menos três tiros foram desfechados pelos homens que estavam a bordo de uma motocicleta, logo depois que Biagi chegara à sua casa de bicicleta, vindo do trabalho. Uma bala atingiu-o na garganta; outra pegou seu peito. Não está claro quem está por trás do ataque. Mas a imprensa italiana disse que alguém não identificado, afirmando ser membro do grupo terrorista de esquerda Brigadas Vermelhas, havia telefonado para um jornal de Bolonha e dito que o grupo estava por trás do assassinato. No entanto, no passado, as alegações iniciais de responsabilidade por atentados muitas vezes provaram ser falsas, e os investigadores observaram que as Brigadas Vermelhas normalmente deixam longas declarações explicando os motivos de suas ações, disse a agência italiana de notícias AGI. Uma estrela de cinco pontas - marca registrada das Brigadas Vermelhas, que, ao lado dos extremistas de direita, provocou derramamento de sangue na Itália nos anos 70 e 80 - foi riscada num muro perto da casa de Biagi. No entanto, não se sabe exatamente quando o desenho foi feito no muro. O promotor-chefe de Roma, Salvatore Vecchione, disse nesta quarta que testes preliminares indicaram que a arma utilizada para matar Biagi pode ter sido a mesma usada no assassinato, em 1999, de outro assessor do governo - reivindicado pelas Brigadas Vermelhas. Mais cedo, o ministro do Interior havia dito que revólveres de 9 milímetros haviam sido usados em ambos os assassinatos. A morte de Biagi chocou a nação, que durante semanas tem estado dividida em relação a um dos maiores objetivos da coalizão de centro-direita de Berlusconi: tentar tornar as empresas italianas mais competitivas na Europa. Isto seria, em parte, conseguido ao ser facilitada a demissão de trabalhadores. Atualmente, é tão difícil mandar trabalhadores embora que os patrões dizem relutar em dar emprego.

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