Berlusconi irá a julgamento por pagar testemunha para mentir

A origem do caso é a compra e venda dos direitos de transmissão de filmes americanos por parte da Mediaset, por um valor de 470 milhões de euros

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Por Agencia Estado
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O ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, atual chefe da oposição, irá a julgamento por ter pago uma testemunha para que mentisse durante um testemunho, decidiu nesta segunda-feira o juiz encarregado do caso, Fabio Paparella. A Promotoria de Milão havia pedido que Berlusconi fosse processado pelo suposto pagamento de 580.000 euros ao advogado David Mills para que este desse um testemunho falso em dois julgamentos do ex-chefe do Executivo, um em 1997 e outro em 1998. O juiz aceitou a decisão da Promotoria de Milão e vai processar Berlusconi e Mills, a partir de 13 de março. Logo após ser conhecida a decisão, Paolo Bonaiuti, porta-voz do Forza Itália (o partido de Berlusconi), assegurou que se trata de "um novo golpe baixo" contra o chefe da oposição "que nada tem a ver com a Justiça, mas muito com a política". A decisão do juiz também foi criticada pelos advogados de Berlusconi, que tinham solicitado a troca do magistrado, pois ele já tinha aberto um processo oral contra Berlusconi pelo caso Mediaset. O caso desta segunda-feira faz parte do inquérito principal sobre a investigação contra a Mediaset, o império audiovisual do chefe da oposição. Em 7 de julho o juiz Paparella decidiu julgar Berlusconi por falsidade em balanço, fraude fiscal e apropriação indébita. A audiência oral contra Berlusconi e outros onze acusados está prevista para 21 de novembro. A origem do caso é a compra e venda dos direitos de transmissão de filmes americanos por parte da Mediaset, por um valor de 470 milhões de euros, em torno das quais foi criado um emaranhado de transações nas quais supostamente participaram empresas registradas em paraísos fiscais a serviço de Berlusconi. A promotoria acredita que na operação o preço real dos direitos foi aumentado artificialmente, desviando para contas no exterior cerca de 280 milhões de euros e deixando de pagar ao fisco o equivalente a cerca de 170 milhões de euros entre 1994 e 1996.

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