Berlusconi lidera pesquisas eleitorais na Itália

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Por Agencia Estado
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O magnata das comunicações Silvio Berlusconi é o favorito para vencer as eleições gerais de domingo que vão renovar o Parlamento italiano e indicar o novo primeiro-ministro. As pesquisas de opinião dão vantagem à coalizão de centro-direita "Casa das Liberdades", liderada pelo magnata. Mas há discordancia quanto à porcentagem. Segundo alguns analistas, a vantagem da frente de centro-dieita sobre a coligação de centro-esquerda é de apenas cinco pontos porcentuais. Berlusconi contesta, ressaltando que em suas pesquisas particulares a diferença é, na realidade, de 12 pontos. Aparentando segurança e tranqüilidade, o ex-prefeito de Roma e candidado da coligação de centro-esquerda Francesco Rutelli acha que a diferença é minima e se reduz a cada dia. Acredita numa "ultrapassagem na última curva" e pede o apoio dos partidos menores como Refundação Comunista, Italia dos Valores, do ex-juiz da Operação Mãos Limpas Antonio Di Pietro e da Lista Ema Bonino, contra a direita. Mas o peso maior vai ficar por conta dos cerca de 25% de indecisos. Hoje encerra-se a longa e àspera campanha eleitoral, que teve como protagonista absoluto Berlusconi. Praticamente só se falou do conflito de interesses do magnata e à obscura origem de sua fortuna, de seus problemas com a Justiça, do monopólio no campo das comunicações, do livro de fotos sobre sua vida que enviou a milhões de italianos (gastando o equivalente a R$ 30 milhões) e das críticas que recebeu da imprensa internacional. O líder direitista - que pretende governar o país como se dirige uma empresa - ainda conseguiu mais espaço na mídia criando suspense sobre a venda de seus três canais de televisão. No fim, ele negou tudo e acabou recebendo uma advertência da Bolsa de Valores porque as declarações contraditórias conturbaram o mercado. Contrariamente ao que ocorreu em outras campanhas, dessa vez não houve confronto direto entre os dois candidatos. Berlusconi recusou o debate com Rutelli diante das câmeras de televisão, ressaltando que o rival não estava à sua altura por não ser o líder da coligação de centro-esquerda. Polêmica e agressividade marcaram o período pré-eleitoral, pontilhado de declarações fortes de Umberto Bossi - líder da separatista e racista Liga do Norte e aliado de Berlusconi. Bossi classificou os dirigentes da União Européia (UE) de "bando de tecnocratas pedófilos". A campanha acabou envolvendo diretamente duas personalidades influentes, capazes de catalizar o voto de grupos consistentes. Por um lado Indro Montanelli, de 90 anos, o mais influente e refinado jornalista italiano. Conservador liberal de direita, como ele mesmo se define, Montanelli surpreendeu os italianos quando declarou que votará na esquerda, chamando Berlusconi de "charlatão". Inesperadamente, quem saiu em defesa do homem que tomou seu lugar na classificação de mais rico da Itália foi Gianni Agnelli presidente honorário da Fiat e patriarca da família mais importante do país. Ele lamentou os duros ataques da imprensa estrangeira a Berlusconi - principalmente a reportagem de capa da respeitada revista britânica The Economist que definiu Berlusconi como "inadequado para governar um país como a Itália" em razão de seus problemas não resolvidos com a Justiça e ao conflito de interesses.

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