Berlusconi persegue imigrantes, diz oposição

Líder do Partido Democrata no Senado critica medida que permite aos médicos delatar ilegais

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Por AFP e EFE
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A oposição italiana voltou a criticar a decisão do Senado de aprovar, na quinta-feira, um projeto de lei permitindo que médicos denunciem imigrantes ilegais. "A Itália passou de regular a imigração para perseguir os imigrantes", afirmou ao jornal espanhol El País, Anna Finocchiaro, líder do Partido Democrata (PD) no Senado. Segundo ela, quem está no comando do governo tem força, mas precisa saber medir esse poder para não ultrapassar os limites da sociedade. O pacote de emendas, apresentado pelo partido Liga Norte - aliado do premiê Silvio Berlusconi - modificará um artigo do Texto Único Sobre Imigração, segundo o qual o acesso de imigrantes ilegais aos serviços médicos não poderia ser seguido de "nenhum tipo de denúncia às autoridades por parte dos médicos". O projeto ainda precisa passar pela Câmara dos Deputados para ser ratificado, mas já causou revolta nas organizações de saúde. RISCOS "Essa medida pode causar uma catástrofe sanitária e o risco para a população italiana também será altíssimo", disse Anna. Entre as principais críticas à medida, está a violação do direito de sigilo profissional e também o aumento dos fatores de risco para a saúde coletiva. "É impensável que um médico que atende e cura um doente o denuncie depois porque é um imigrante clandestino", afirmou Vincenzo Saraceni, presidente da Associação dos Médicos Católicos. Ontem, a Cáritas de Roma anunciou que intensificará a assistência de saúde aos ilegais nas próximas semanas. "O nível de civilização de um país é medido com base na assistência que oferece às pessoas mais vulneráveis", disse o secretário da Conferência Episcopal Italiana, Mariano Crociata. Berlusconi disse ontem que os médicos deverão apelar à "própria consciência" na hora de denunciar estrangeiros - especialmente em casos no quais percebam um "risco à saúde pública".

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