Bibi cai e eleição em Israel se acirra

Pesquisas indicam que Likud pode vencer, mas obter apenas 2 cadeiras a mais que o partido da chanceler Livni

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Por REUTERS E AP
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A três dias das eleições parlamentares em Israel, pesquisas mostram que o partido direitista Likud, de Binyamin "Bibi" Netanyahu, deverá chegar em primeiro lugar, mas terá apenas duas cadeiras a mais que o segundo colocado, o centrista Kadima, da chanceler Tzipi Livni. Netanyahu levaria 27 assentos e Tzipi, 25. Em seguida, viria o ultradireitista Avigdor Lieberman, com 18 cadeiras, os trabalhistas do ministro da Defesa Ehud Barak, com 16, e o partido religioso sefardita Shas, com 9. Apesar da acirrada disputa pela liderança, pesquisas mostram que legendas conservadoras devem obter uma confortável maioria entre as 120 cadeiras do Parlamento. Bastante fragmentado, o sistema político de Israel depende da formação de amplas coligações partidárias para garantir apoio de mais da metade do Legislativo ao primeiro-ministro. O maior partido na Knesset (o Parlamento israelense), encabeça um gabinete apoiado por legendas menores, que garantem a maioria em troca de ministérios no governo. Em Israel, os votos vão para o partido e não para o candidato. Se as projeções divulgadas ontem estiverem corretas, o Likud elegerá Netanyahu como primeiro-ministro e, juntamente com as demais legendas de direita e ultradireita, terá o controle de 66 das 120 cadeiras. Os demais 54 assentos ficarão com a oposição, formada por partidos de centro, centro-esquerda, esquerda e legendas árabes. De acordo com a lei eleitoral israelense, o presidente de Israel - cargo atualmente ocupado por Shimon Peres - convida formalmente o líder do maior partido para formar o gabinete. No entanto, analistas indicam que, caso o Kadima chegue na frente do Likud, o partido liderado por Tzipi dificilmente será capaz de conseguir apoio da maioria do Parlamento. A própria eleição de terça-feira foi convocada após a atual chanceler ter fracassado em montar uma nova coalizão na Knesset. Diferentemente das pretensões para a região do governo de Barack Obama, Netanyahu afirma ser "impossível" firmar um acordo de paz com a Autoridade Palestina e se opõe à redução dos assentamentos israelenses na Cisjordânia. O direitista também se opôs à retirada israelense da Faixa de Gaza, colocada em prática por seu ex-colega de partido Ariel Sharon, em 2005, e recentemente defendeu "remover" o grupo islâmico Hamas do poder no território palestino. Mesmo o amplo apoio da sociedade israelense à ofensiva na Faixa de Gaza, que deixou 1.300 palestinos mortos e 5 mil feridos, não foi capaz de impulsionar as candidaturas de Tzipi e Barak, principais figuras políticas por trás da operação militar, juntamente com o premiê Ehud Olmert. O Likud tampouco foi diretamente beneficiado pela guerra. ULTRADIREITA A violência entre Israel e o Hamas, apontam analistas, impulsionou a candidatura do ultradireitista Lieberman, do Israel Beiteinu. Em 25 de dezembro - dois dias antes do início dos bombardeios contra Gaza -, projeções davam ao partido de Lieberman 11 cadeiras no Parlamento, colocando-o praticamente em quinto lugar. Mas a última sondagem mostra que o Israel Beiteinu conquistará 18 cadeiras, consolidando-se como a terceira maior legenda de Israel. "Salvo algum engano, esta será a eleição mais de ultradireita da história de Israel", escreveu Nahum Barnea, colunista do jornal Yedioth Ahronoth. Para Ben Caspit, do Maariv, Lieberman ameaça "o que resta de convivência entre israelenses e árabes".

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