
02 de maio de 2014 | 02h08
JERUSALÉM - O primeiro-ministro israelense, Binyamin "Bibi" Netanyahu, disse ontem que proporá uma nova lei declarando Israel um Estado judeu, em resposta à recusa palestina em reconhecer essa condição nas recentes e fracassadas negociações de paz.
"Vou promover uma lei que vai definir Israel como o Estado-nação do povo judeu", disse Netanyahu em discurso em Tel-Aviv, em referência à rejeição dos palestinos em reconhecer Israel como tal nas negociações apoiadas pelos EUA.
Os palestinos temem que o rótulo leve à discriminação contra uma considerável minoria árabe que vive em Israel, que representa cerca de um quinto da população, e negue qualquer direito de retorno aos refugiados palestinos, que deixaram Israel após seguidos conflitos armados.
Negociações de paz. A consagração em lei do conceito de Israel como um Estado judeu - definição que foi incluída em sua Declaração de Independência de 1948 - pode complicar ainda mais qualquer esforço para a retomada das negociações de paz, que passam por um novo impasse.
Netanyahu, falando no salão onde a Declaração de Independência foi assinada, em 1948, disse que aqueles que buscam a criação de um Estado palestino, enquanto se recusam a reconhecer Israel como uma nação judaica, estão "desafiando seu direito de existir".
"O apoio ao estabelecimento de um Estado nacional palestino e a rejeição - ao mesmo tempo - em reconhecer um Estado nacional judeu mina, no longo prazo, o próprio direito do Estado de Israel de existir", disse o premiê.
'Surpresa'. O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse ontem que o acordo de reconciliação entre o Hamas e a Fatah pegou Washington "de surpresa". A Casa Branca responsabiliza o pacto entre as duas facções rivais pelo novo fracasso das negociações de paz na região.
"O pacto (entre Hamas e Fatah) foi um acontecimento totalmente imprevisto", reconheceu Kerry em seu primeiro comentário público sobre o fracasso das negociações intermediadas por Washington.
Kerry, no entanto, disse também que ainda tem esperanças de que o diálogo seja retomado em breve. Com as negociações suspensas, segundo o secretário de Estado americano, o prazo dado para concluir um acordo, que expirou esta semana, "tornou-se completamente irrelevante".
Em seu pronunciamento de ontem, Kerry tentou equilibrar a responsabilidade pelo fracasso. Embora tenha criticado o acordo entre Hamas e Fatah, ele citou também as medidas adotas por Israel para expandir os assentamentos judeus na Cisjordânia como "prejudiciais" às negociações.
"Acredito que agora o melhor a fazer é dar uma pausa, analisar cuidadosamente todas essas coisas e ver o que é possível e o que não é possível fazer no futuro", afirmou o chefe da diplomacia americana.
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