PUBLICIDADE

Biden cria equipe para possível batalha legal na votação de novembro

Dois ex-advogados-gerais da União e centenas de advogados já aderiram à campanha do democrata

Por Shane Goldmacher
Atualização:

WASHINGTON - Com dois ex-advogados-gerais da União e centenas de advogados, a campanha de Joe Biden montou uma operação jurídica reforçada para uma possívelbatalha legal envolvendo a votação presidencial de 3 de novembro.

A operação foi classificada pelo Partido Democrata como o maior programa de proteção do voto na história das eleições para a Presidência dos Estados Unidos.

O candidato democrata à presidência dos EUA,Joe Biden, discursa no Museu de História Natural de Delaware nessa segunda-feira, 14. Foto: Jim Watson/ AFP

PUBLICIDADE

Batalhas legais já estão acontecendo, a propósito de como as pessoas votarão e como as cédulas serão contadas, e assessores de Biden descreveram a iniciativa como necessária para proteger a integridade de uma eleição já turvada pelas acusações sem base do presidente Donald Trump de que haverá fraude generalizada.

A nova operação será supervisionada por Dana Remus, que até então atuava como conselheira geral da campanha de Biden, e Bob Bauer, um ex-advogado da Casa Branca durante o governo de Barack Obama.

A equipe jurídica inclui uma "unidade especial de litígio", que será liderada por Donald B. Verrilli e Walter Dellinger, que atuaram como advogados-gerais da União respectivamente nos governos Obama e Bill Clinton.

Centenas de advogados estarão envolvidos, incluindo do escritório de advocacia democrata Perkins Coie, que se concentrará na luta estado a estado sobre as regras de votação e contagem dos votos.

Eric H. Holder Jr., ex-secretário de Justiça do governo Obama, servirá como uma espécie de elo de ligação entre a campanha e os muitos grupos independentes envolvidos nas disputas legais em torno da eleição, que já estão sendo travadas nos tribunais.

Publicidade

"Podemos e vamos realizar uma eleição livre e justa neste outono e podemos confiar nos resultados", disse Remus em uma entrevista.

Bauer, que foi conselheiro geral nas duas campanhas presidenciais de Barack Obama, disse que a operação seria "muito mais sofisticada e com mais recursos" do que as de campanhas anteriores.

Aceno além das linhas partidárias:Biden recebe apoio de 100 líderes republicanos e independentes.

Remus e Bauer descreveram um programa multifacetado que incluirá alguns elementos comuns a campanhas presidenciais anteriores, como lutar contra iniciativas que impedem o voto de minorias e garantir que as pessoas entendam como votar.

Outros elementos são únicos a 2020, como administrar uma eleição durante uma pandemia e se proteger contra possíveis interferências estrangeiras.

O processo de votação é especialmente complexo desta vez, pois vários estados correram para expandir a possibilidade do voto pelo correio por causa do novo coronavírus.

Ao mesmo tempo, Trump acusou repetidamente e falsamente esse processo de estar eivado de fraudes, mesmo que ele próprio tenha votado por correio no passado e funcionários do Partido Republicano tenham encorajado seus apoiadores a votarem dessa forma. 

Publicidade

Trump foi ainda mais longe neste mês quando sugeriu que seus partidários poderiam testar o sistema na Carolina do Norte votando duas vezes - um ato ilegal.

Funcionários de Biden dizem que estão tentando encontrar um equilíbrio delicado, respondendo às teorias de Trump sem divulgá-las ainda mais.

"Muito do que Trump e seus aliados querem que façamos é amplificar seus cenários de desastre", disse Bauer. "Não vamos cair na retórica alarmista que estão usando para assustar os eleitores. O constante retorno à questão da fraude é em si uma ferramenta para desestimular o eleitor."

Mandi Merritt, porta-voz do Comitê Nacional Republicano, acusou o Partido Democrata de querer "transformar nossa eleição em uma eleição fora de controle totalmente baseada no voto pelo correio", sem salvaguardas suficientes.

"Os republicanos sempre apoiaram o voto à distância com as salvaguardas em vigor e querem ter certeza de que todos os votos válidos sejam contados e que nossas eleições sejam livres, justas e transparentes", disse Merritt. "O que nos opomos é a uma experiência de votação postal implementada apressadamente e à força em todo o país, que eliminaria essas salvaguardas, favoreceria a fraude e enfraqueceria a integridade de nossas eleições."

Governos estaduais e locais são responsáveis pela organização do processo eleitoral nos EUA, mas a campanha de Biden está observando de perto as ações do governo federal sob Trump. 

Os democratas do Congresso estão investigando mudanças no serviço postal implementadas por Louis DeJoy, um megadoador republicano instalado neste ano como diretor-geral dos Correios, que poderia afetar a votação por correspondência.

Publicidade

"Não estou me preparando para sabotar a eleição", defendeu-se DeJoy no Congresso no mês passado.

Já há uma série de disputas legais em andamento em estados-chave, incluindo a Flórida, onde um tribunal de apelações decidiu na sexta-feira que os cidadãos que cumpriram sentenças terão que pagar multas e taxas antes de votar.

Remus disse que a equipe de comunicação da operação criada para a campanha de Biden encorajaria os eleitores a solicitarem as cédulas logo, fazer um plano de votação e votar o mais rápido possível. "Basta fazer tudo antecipadamente", afirmou.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.