Biden divide fundos afegãos nos EUA entre ajuda humanitária e compensação a vítimas do 11/9

Ordem executiva exige que as instituições financeiras americanas facilitem o acesso a US$ 7 bilhões do banco central afegão

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - O presidente Joe Biden assinou uma ordem nesta sexta-feira, 11, para liberar US$ 7 bilhões em ativos do banco central afegão agora congelados nos Estados Unidos, dividindo o dinheiro entre ajuda humanitária para o povo afegão atingido pela pobreza e um fundo para as vítimas do 11 de Setembro que ainda buscam alívio para os ataques terroristas que mataram milhares e chocou o mundo.

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A ordem exige que as instituições financeiras americanas facilitem o acesso a US$ 3,5 bilhões para ajuda humanitária e necessidades básicas ao povo afegão. Os outros US$ 3,5 bilhões permaneceriam no país seriam usados ​​para financiar pagamentos de litígios em andamento por vítimas de terrorismo nos EUA.

O financiamento internacional para o Afeganistão foi suspenso e bilhões de dólares dos ativos do país no exterior, principalmente nos EUA, foram congelados depois que o Taleban assumiu o controle em Cabul, em agosto. A tomada de poder ocorreu quando os militares americanos se retiravam do país.

Em imagem de maio de 2020,afegã carrega ajuda humanitária distribuída no campo de deslocados internos nos arredores de Mazar-i-Sharif Foto: Farshad Usyan/AFP

A Casa Branca disse em um comunicado que a ordem "se destina a fornecer um caminho para que os fundos cheguem ao povo do Afeganistão, mantendo-os fora das mãos do Taleban e de atores maliciosos".

A economia do Afeganistão, há muito conturbada, está em parafuso desde a tomada do poder pelo Taleban. Quase 80% do orçamento do governo afegão anterior era de remessas da comunidade internacional. Esse dinheiro, agora cortado, financiou hospitais, escolas, fábricas e ministérios governamentais. 

O desespero na busca por essas necessidades básicas foi ainda mais exacerbado pela pandemia da covid-19, bem como pela seca e desnutrição. A falta de financiamento levou ao aumento da pobreza, e grupos de ajuda alertaram para uma catástrofe humanitária iminente. Funcionários do Estado, de médicos a professores e funcionários administrativos, não são pagos há meses.

Os bancos, por sua vez, restringiram quanto os titulares de contas podem sacar. O funcionário observou que os tribunais dos EUA onde as vítimas do 11 de Setembro apresentaram queixas contra o Taleban também terão de tomar medidas para que as vítimas sejam compensadas. 

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Em última análise, caberá aos tribunais decidir se as vítimas reivindicam os US$ 3,5 bilhões que o governo está alocando para elas por meio do fundo fiduciário, de acordo com dois altos funcionários do governo. A Casa Branca ainda está trabalhando nos detalhes da criação do fundo fiduciário, um esforço que o Executivo diz que provavelmente levará meses para ser resolvido.

Como as vítimas têm reivindicações legais em andamento sobre os US$ 7 bilhões no sistema bancário dos EUA, os tribunais teriam de aprovar antes que o dinheiro para assistência humanitária pudesse ser liberado para o Afeganistão, disseram as autoridades.

Os EUA lançaram a Guerra no Afeganistão há mais de 20 anos, depois que o então líder taleban Mullah Omar se recusou a entregar o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, após os ataques de 11 de setembro de 2001 aos EUA. Bin Laden, que nasceu na Arábia Saudita, mas teve sua cidadania revogada, mudou-se para o Afeganistão depois de ser expulso do Sudão em 1996.

Suhail Shaheen, representante designado do Taleban na ONU, pediu que todo o valor fosse descongelado e mantido sob controle do banco central afegão. "A reserva é propriedade do Afeganistão Bank e, por extensão, propriedade do povo do Afeganistão", disse Shaheen. 

O porta-voz do escritório do Taleban em Doha criticou a ação dos EUA em um tuíte: "O roubo e a aquisição de dinheiro congelado que pertence ao povo afegão pelos EUA mostra o nível mais baixo de declínio humano e moral de um país"./AP e REUTERS

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