Biden inclui mulheres e imigrante em nova equipe de política externa dos EUA

Presidente eleito escolhe time de diplomatas de carreira, ex-assessores e defensores do multilateralismo; Antony Blinken será secretário de Estado e John Kerry ganha cargo de ‘czar do clima’, sinalizando importância das questões ambientais no futuro governo

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Por Beatriz Bulla e correspondente
Atualização:

WASHINGTON - O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, anunciou nesta segunda-feira, 23, sua equipe de política externa e a estratégia de segurança nacional de seu governo. O democrata privilegiou a diversidade e incluiu duas mulheres e um imigrante no time, todos com experiência e defensores do multilateralismo, sinalizando uma importância especial para as questões ambientais. O posto de chefe da diplomacia – secretário de Estado – ficou com Antony Blinken. 

Ex-conselheiro de Segurança Nacional de Biden, quando ele era vice de Obama, Blinken trabalhou com o democrata também no Comitê de Relações Exteriores no Senado. Ele chegou a ser número dois do Departamento de Estado então chefiado por John Kerry, que também está de volta. 

Presidente eleito dos EUA, Joe Biden, começa a montar seu secretariado: nomes são 'experientes e testados', diz Foto: Anna Moneymaker/NYT

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Kerry, um dos nomes mais conhecidos da política externa americana, terá um cargo novo, de “czar do clima”, responsável no Conselho de Segurança Nacional (NSC, na sigla em inglês) pelas discussões ambientais – uma prioridade do novo governo americano. É a primeira vez que um nome dedicado ao tema terá assento no NSC. 

Biden e Kerry são amigos de longa data e ex-colegas de Senado. O ex-chanceler foi um dos principais entusiastas da candidatura do democrata à presidência e, durante a campanha, trabalhou nas políticas ambientais de Biden com o time de assessores do senador Bernie Sanders. No segundo mandato de Obama, como chefe da diplomacia dos EUA, Kerry negociou o Acordo de Paris – ao qual Biden prometeu retornar no primeiro dia de mandato.

Biden definiu o grupo como “experiente e testado em crises”. “Eles reunirão o mundo para enfrentar desafios inéditos, que nenhum país pode enfrentar sozinho. É tempo de restaurar a liderança americana. Eu confio nesse grupo para fazer isso”, disse. 

O presidente eleito promete recolocar os EUA nos principais fóruns globais e se afastar do isolacionismo de Donald Trump. A previsibilidade nas nomeações e a escolha de velhos conhecidos marca a diferença com o governo atual, conhecido pela impulsividade na escolha de nomes.

Blinken é um exemplo disso, um diplomata que defende o multilateralismo, a cooperação internacional e alianças sólidas. O futuro secretário de Estado, porém, traz na bagagem a defesa de intervenções militares desastrosas, como a guerra no Iraque. Foi ele quem fez as honras da casa quando a então presidente do Brasil, Dilma Rousseff, visitou o Departamento de Estado, em 2015. 

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Ao fazer o discurso de abertura de um almoço em homenagem a Dilma, Blinken lamentou a morte do compositor Fernando Brant e citou a música Canção da América e o cantor Milton Nascimento para falar da amizade entre EUA e Brasil. Além de Kerry e Blinken, Biden anunciou mais quatro nomes que confirmam o compromisso com a diversidade: duas mulheres, sendo uma delas negra, um latino e um jovem democrata.

Alejandro Mayorkas será o primeiro latino a chefiar o Departamento de Segurança Interna, responsável pelas políticas de imigração. Mayorkas nasceu em Cuba e foi procurador da Califórnia, antes de atuar como diretor de cidadania e serviços imigratórios no governo Obama. 

Em sua primeira mensagem após a escolha, Mayorkas lembrou que sua família buscou refúgio nos EUA e afirmou que supervisionará a segurança de todos os americanos “e daqueles que fogem de perseguição em busca de uma vida melhor”. 

Os anúncios incluíram ainda a primeira mulher a chefiar a Diretoria de Inteligência Nacional, Avril Haines, e o mais jovem Conselheiro de Segurança Nacional da história recente, Jake Sullivan, além da diplomata Linda Thomas-Greenfield, uma negra, como embaixadora dos EUA na ONU.