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Biden muda de opinião e apoia financiamento federal do aborto nos EUA

Principal pré-candidato democrata, o ex-vice americano, que é católico, muda de posição sobre o tema por pressão do partido

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - O ex-vice-presidente americano Joe Biden, que lidera a disputa pela indicação democrata para a eleição presidencial de 2020 nos Estados Unidos, anunciou que não é mais contrário ao uso de verbas federais para financiar abortos. 

Joe Biden está em campanha desde abril, quando se lançou como pré-candidato democrata às eleições presidenciais de 2020 Foto: Matt Rourke / AP

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Biden, ex-senador que foi vice durante os dois mandatos de Barack Obama, apoiou durante décadas uma emenda polêmica sobre o tema, a Emenda Hyde. 

A Emenda Hayde, de 1976, limita estritamente aos casos de estupro, incesto ou risco de vida da mãe o uso de verbas federais para financiar abortos por meio do sistema de seguro de saúde público Medicaid, que atende aos americanos mais vulneráveis.

A emenda foi aprovada após a decisão da Suprema Corte conhecida como Roe versus Wade, que legalizou em 1973 o direito ao aborto nos Estados Unidos. 

Biden, um católico de 76 anos que se opõe pessoalmente ao aborto, votu dezenas de vezes a favor da Emenda Hyde. 

O democrata foi muito criticado durante a semana por outros candidatos à indicação democrata quando sua equipe de campanha confirmou que ele ainda apoiava a polêmica emenda. 

O debate sobre o aborto foi retomado depois que vários Estados governados por republicanos aprovaram medidas restritivas nos últimos meses. Na quinta-feira, Biden anunciou que mudou de opinião. 

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"Os direitos e a saúde das mulheres são atacados de uma maneira que constitui uma tentativa de reverter todo o progresso que conquistamos nos últimos 50 anos", escreveu o ex-vice-presidente no Twitter. 

"Se, como eu acredito, a saúde é um direito, não posso mais apoiar uma emenda que faça com que esse direito dependa do código postal de uma pessoa", completou. 

Os críticos da Emenda Hyde afirmam que o texto discrimina as mulheres mais pobres que dependem do Medicaid. 

A questão do aborto e de uma possível revisão da decisão histórica da Suprema Corte provoca intensos debates na perspectiva da eleição presidencial de 2020, na qual o republicano Donald Trump enfrentará o vencedor das primárias democratas. 

A mudança de posição de Biden aconteceu após uma série de críticas de rivais democratas. 

"Devemos derrubar a Emenda Hyde", reagiu o senador independente Bernie Sanders, que as pesquisas apontam em segundo lugar na corrida pela indicação democrata. 

"Não apoio a Emenda Hyde e lutarei por sua derrubada", declarou à imprensa a senadora progressista Elizabeth Warren, terceira nas pesquisas. 

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"Nenhuma mulher deve ver o acesso ao aborto limitado por sua renda", tuitou a quarta colocada nas pesquisas, a senadora Kamala Harris

Ativistas também criticaram Biden. "Não há nenhuma desculpa política ou ideológica para o apoio de Joe Biden à Emenda Hyde, que reflete discriminações contra as mulheres pobres", publicou no Twitter a associação Naral, que defende o direito ao aborto./ AFP 

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