
08 de dezembro de 2020 | 19h37
WILMINGTON, EUA - O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, prometeu aplicar 100 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 nos seus 100 primeiros dias de governo. Vencedor das eleições presidenciais de novembro, o democrata assume o cargo no dia 20 de janeiro. Nesta terça-feira, 8, ao apresentar sua equipe de saúde, ele anunciou qual será sua estratégia para conter a pandemia.
“Eu não posso prometer acabar com a covid-19 em 100 dias, mas podemos mudar o curso da doença e melhorar a vida dos americanos”, disse Biden, em entrevista coletiva convocada em Wilmington, no Estado de Delaware, onde coordena a equipe de transição. Ele listou três objetivos: além de 100 milhões de doses nos primeiros 100 dias, exigir o uso de máscara sempre que possível, também nos 100 primeiros dias de governo, e abrir a maioria das escolas dos EUA.
Não ficou claro, pelas declarações de Biden, quantas doses cada americano receberá. Isso porque a maior parte das vacinas em estudos avançados requer a aplicação em duas doses intervaladas. A Pfizer deve entregar exatamente 100 milhões de doses aos EUA nos próximos meses, número suficiente para vacinar 50 milhões de americanos.
“Estamos vivendo nesta pandemia há tanto tempo, que corremos o risco de ficarmos insensíveis com os números diante de nós”, disse Biden, que se enrolou ao apresentar seu indicado para comandar o Departamento de Saúde, Xavier Becerra. “Baqueria”, disse o democrata, que tentou corrigir, mas ainda assim não conseguiu pronunciar o nome de Becerra.
Enquanto isso, em Washington, o presidente dos EUA, Donald Trump, fez um discurso na Casa Branca para falar de vacinas – embora ele tenha gastado a maior parte do tempo dizendo que venceu a eleição. Trump assinou um decreto que estabelece a prioridade dos americanos no recebimento das vacinas nos EUA. Segundo ele, já será possível sentir os efeitos da vacinação em massa até o fim do primeiro semestre. “Dizem que é como um milagre. E acho que é verdade”, disse.
Nos bastidores, no entanto, Trump continua obcecado com as eleições que perdeu. Nesta semana, ele já telefonou duas vezes para o presidente da Câmara dos Deputados da Pensilvânia, o republicano Bryan Cutler, para pedir que mude o resultado das urnas e escolha delegados fiéis a ele, para votar no colégio eleitoral, dia 14. O presidente estaria pressionando também os Legislativos de outros Estados, como Michigan e Geórgia.
A estratégia irritou o senador Pat Toomey, também republicano, que declarou que o comportamento do presidente é “inaceitável”. “É completamente inaceitável e não vai funcionar. O presidente precisa desistir de tentar fazer com que as legislaturas anulem os resultados das eleições em seus respectivos Estados”, disse Toomey ao jornal The Philadelphia Inquirer.
No mesmo dia, a Suprema Corte dos EUA infligiu um novo revés a Trump ao rejeitar um recurso de seus aliados para bloquear a certificação dos resultados eleitorais na Pensilvânia, Estado-chave para a vitória de Biden.
O mais alto tribunal do país, no qual três dos nove magistrados foram nomeados por Trump, não explicou os motivos de sua decisão, a primeira desde que o presidente republicano lançou uma batalha judicial para questionar a derrota nas eleições de 3 de novembro. / NYT, REUTERS, AP e WP
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