Biden vai retirar todas as tropas dos EUA do Afeganistão até 11 de setembro

Plano significa que a Casa Branca não cumprirá o compromisso do ex-presidente Donald Trump de retirar todos os militares dos EUA do país até 1º de maio

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - O presidente americano, Joe Biden, retirará todas as tropas americanas que ainda estão no Afeganistão antes de 11 de setembro, data do 20.º aniversário dos ataques de 2001, encerrando a guerra mais longa dos EUA cerca de cinco meses depois do planejado, informou uma autoridade americana. O plano significa que a Casa Branca não cumprirá o compromisso do ex-presidente Donald Trump de retirar todos os militares dos EUA do país até o próximo 1.º de maio.

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O líder democrata anunciará nesta quarta-feira, 14, que todas as forças americanas, em coordenação com as dos aliados ocidentais, deixarão no Afeganistão apenas uma equipe composta por um número limitado de especialistas para proteger as instalações diplomáticas americanas, informou a autoridade, que pediu anonimato.

Biden não condicionará a partida às condições no terreno, onde crescem os temores de que o Taleban possa obter grandes vitórias contra o governo de Cabul, apoiado internacionalmente.

Soldado dos EUA passa por crianças em Marjah, no Afeganistão, onde tropas lutam contra a insurgência Foto: Dusan Vranic/AP

"O presidente julgou que um enfoque com base em condições, que tem sido o das últimas duas décadas, significaria permanecer no Afeganistão para sempre", explicou o funcionário, que pediu uma mudança nas prioridades dos Estados Unidos.

"Iniciaremos uma retirada ordenada das forças restantes antes de 1.º de maio e planejamos ter retirado todas as tropas americanas do país antes do 20.º aniversário do 11 de setembro", disse, garantindo que essa partida será "coordenada" e simultânea com a das outras forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

"Dissemos ao Taleban, sem qualquer ambiguidade, que responderemos energicamente a qualquer ataque contra soldados americanos enquanto durar a retirada ordenada e segura", acrescentou, sob condição de anonimato.

Para os afegãos, o conflito provavelmente continuará. A autoridade americana fez esses breves comentários depois que a inteligência dos EUA divulgou um relatório de avaliação de ameaças advertindo que o governo afegão "terá dificuldades" em controlar um Taleban "confiante" quando a coalizão liderada por Washington se retirar.

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O ex-presidente Donald Trump também favoreceu a saída das tropas e chegou a um acordo com o Taleban em fevereiro de 2020, em virtude do qual as forças americanas deixariam o país antes de maio de 2021 em troca da promessa dos insurgentes de não apoiar a Al-Qaeda e outros grupos extremistas.

A autoridade americana disse nesta terça-feira que a retirada começará em maio e o atraso se deveu principalmente a razões logísticas.

Neste contexto, uma conferência de paz sobre o Afeganistão proposta por Washington será realizada em Istambul entre 24 de abril e 4 de maio, com a participação de representantes do governo afegão e do Taleban, segundo anunciou nesta terça a diplomacia turca.

"A Turquia, o Catar e a ONU organizarão uma conferência inclusiva de alto nível em Istambul, entre representantes da República Islâmica do Afeganistão e do Taleban", informou o ministério das Relações Exteriores turco. 

Os países organizadores da conferência estão empenhados em "apoiar um Afeganistão soberano, independente e unido", disse.

O Taleban, porém, contatado pela agência France Presse após o anúncio, afirmou que ainda não decidiu se participará. "Ainda não tomamos uma decisão final", disse Mohamad Naeem, porta-voz do grupo insurgente./AFP

 

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