O advogado do assaltante inglês Ronald Biggs, Wellington Mousinho, confirmou hoje que seu cliente quer voltar à Inglaterra e enviou e-mail à Scotland Yard - polícia britânica - para negociar seu retorno, conforme publicou hoje o tablóide sensacionalista inglês "The Sun". Mousinho, no entanto, não acredita que Biggs esteja disposto a cumprir a pena de 28 anos que resta pelo assalto ao trem pagador, em 1963. "Um homem de 71 anos, que sofreu dois derrames, não teria condições de cumprir pena. Ele quer o perdão judicial para rever amigos e sua terra natal", afirmou. O advogado confirmou que o assaltante solicitou à embaixada britânica um passaporte. A embaixada trata o assunto como confidencial e não divulga informações. Durante todo o dia, Ronald Biggs não foi visto na sua casa, em Santa Teresa. Mousinho informou que ele está na casa de um amigo, nas redondezas. O filho de Biggs, Mike, de 26 anos, também não quis comentar a reportagem do "The Sun". "Se ele voltasse, eu sairia perdendo", disse. Depois ironizou: "Vocês (repórteres) chegaram tarde. Ele já embarcou há duas semanas". Vizinhos disseram que não viram Biggs nos últimos dias. Ele está com a saúde debilitada após dois derrames - o último ocorreu há um ano. O assaltante tem dificuldades para falar, se alimentar e andar. Ele costuma sair às terças e quintas-feiras para ser atendido na clínica de reabilitação Oscar Clark, da rede municípal, mas hoje faltou à terapia. Para a jornalista inglesa Jan Rocha, que desde 1974 acompanha o caso, este é o "lance final" de Biggs, na tentativa de ser aceito em seu país. "Ele sempre quis voltar, mas nos termos dele. Não queria voltar preso, nem humilhado", disse a correspondente da BBC no Brasil, que se considera amiga de Biggs. "A família deve ter chegado à conclusão de que o risco de ser preso valia a pena para ele rever seu país. Mas é um risco calculado", afirmou. A jornalista, no entanto, não descarta a hipótese de a entrevista do "The Sun" não ter passado de uma maneira de chamar a atenção. "Ele é cheio de surpresas e mestre em criar manchetes", afirmou. No Brasil, Biggs viveu do dinheiro pago por turistas para visitá-lo e da venda de entrevistas para veículos internacionais. "A BBC nunca pagou", garantiu Jan. Atualmente, ele mantém um site na Internet (www.ronniebiggs.com) em que vende souvenirs.