Bin Laden considerava que a Al-Qaeda ia de mal a pior, revelam documentos

Preocupação. EUA lembram hoje o 1º aniversário da missão que matou o terrorista saudita e divulgam esta semana papéis apreendidos na casa em que ele se escondia no Paquistão; para analistas, ramificações da rede ainda ameaçam países ocidentais

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WASHINGTON - Documentos apreendidos na casa de Osama bin Laden mostram que o terrorista saudita, morto em uma ação americana há exatamente um ano, considerava que a Al-Qaeda ia de mal a pior. John Brennan, principal conselheiro da Casa Branca para contraterrorismo, anunciou na segunda-feira, 30, que os EUA divulgarão esta semana os documentos achados na casa onde ele foi morto na cidade de Abbottabad, no Paquistão.

 

 

"Nos documentos que apreendemos, (Bin Laden) admitia um desastre atrás de outro", disse Brennan, ao anunciar que o material será divulgado na internet pelo Centro de Combate ao Terrorismo de West Point. Segundo ele, analistas de inteligência constataram que a Al-Qaeda teve dificuldades para substituir os comandantes que morreram nos ataques lançados pelos EUA. As coisas iam tão mal que Bin Laden pensou em mudar o nome de sua organização."Bin Laden estava preocupado, por exemplo, com o surgimento de líderes que não eram tão experientes, que podiam levar a novos erros", afirmou Brennan. "Um ano depois de o ataque americano ter matado Bin Laden, a Al-Qaeda está capenga demais, por enquanto, para realizar outro ataque ao estilo do 11 de Setembro em solo americano".Sonho com vingança

 

No entanto, a rede ainda sonha com vingança e autoridades americanas advertem que, com o tempo, suas ramificações poderão atacar novamente. Uma década de guerras no Iraque e no Afeganistão, que custou aos EUA cerca de US$ 1,28 trilhão e 6,3 mil vidas de soldados americanos, obrigou as filiais da Al-Qaeda a se reagruparem, do Iêmen ao Iraque. Acredita-se que o braço direito de Bin Laden, Ayman al-Zawahiri, esteja escondido e fora de alcance nas montanhas do Paquistão, como fez Bin Laden durante vários anos. "É ingenuidade dizer que a Al-Qaeda está à beira da derrota", diz Seth Jones, analista da Rand e consultor das forças de operações especiais dos EUA. "Eles aumentaram sua presença global, o número de ataques de suas filiais cresceu e, em alguns lugares, como o Iêmen, expandiram seu controle territorial." Esse é um quadro complicado e um confuso para os americanos entenderem. Autoridades americanas dizem que a equipe de Bin Laden está quase desmantelada, mas afirmam que novas ramificações estão atingindo alvos de aliados dos americanos no exterior e ainda tentam um ataque similar ao 11 de Setembro. O mais letal desses grupos está no Iêmen. Alerta

 

Brennan diz que não há nenhum sinal de um complô de vingança ativo contra alvos dos EUA, mas cidadãos americanos no Paquistão e em outros lugares estão sendo prevenidos para ficarem alertas no aniversário da operação que matou Bin Laden, um de seus filhos, dois mensageiros e suas mulheres. A última visão que os americanos tiveram do mentor dos ataques do 11 de Setembro foi a de um velho encarquilhado, enrolado num lençol, sentado diante de um televisor velho. O mundo talvez nunca veja uma prova fotográfica de sua morte. O juiz americano James E. Boasberg decidiu, na semana passada, que o governo de Barack Obama não é obrigado a entregar as imagens feitas do terrorista durante e após o ataque.

 

Com AP e AFP

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