Blair diz que Irã comete ´grande erro´ com programa nuclear

Primeiro-ministro britânico se recusou em falar sobre a possibilidade de um ataque contra o país e líderes de potências internacionais tembém comentaram o caso

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Por Agencia Estado
Atualização:

O primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, disse nesta terça-feira, 27, que o Irã está cometendo "um grande erro" em não suspender o programa de enriquecimento de urânio após exigências da comunidade internacional. Blair se recusou em falar sobre a possibilidade de um ataque ao Irã e líderes de potências internacionais tembém comentaram o caso. "A população quer uma solução política e diplomática para esta questão", disse o primeiro-ministro britânico em uma coletiva de imprensa. Ainda nesta terça-feira, o ministro de Relações Exteriores reiterou que o Irã nunca irá suspender seu programa de enriquecimento de urânio, mas os Estados Unidos insistem com que o Irã abandone plano para que negociações sejam retomadas. Blair disse que os comentários do Irã são "muito preocupantes, porque indicam que o país deseja ir contra a comunidade internacional" "Eu acho isso um grande erro", acrescentou. O primeiro-ministro britânico questionou como o diálogo com Irã pode continuar "se eles continuam dizendo que nunca irão suspender o programa nuclear, continuam apoiando extremistas no Iraque e no Líbano." Repercussão O ministro de Exteriores da França, Philippe Douste-Blazy, afirmou também nesta terça-feira, 27, que há "muitas possibilidades" que os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU cheguem "rapidamente" a um acordo sobre uma nova resolução com "sanções econômicas" contra Teerã. A China declarou ainda na terça-feira que o único caminho para resolver o impasse contra o Irã é o diálogo. Representantes da Alemanha, que detém a presidência rotativa da União Européia, e dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China) se reuniram na segunda-feira em Londres para preparar uma nova resolução que endureça as sanções emitidas em dezembro contra o Irã, por causa da recusa do país em suspender o enriquecimento de urânio. "Há muitas possibilidades que, rapidamente, possamos chegar a um acordo" sobre uma "segunda resolução" com "sanções econômicas", disse Douste-Blazy em declarações a uma televisão francesa. O ministro considerou, no entanto, que um eventual ataque militar dos EUA contra as instalações nucleares iranianas "é algo que não está na pauta atual". "Estamos negociando uma resolução sobre sanções econômicas", insistiu. A imprensa também comenta a visita "privada" a Teerã do ex-ministro de Exteriores francês, o socialista Roland Dumas, durante o fim de semana. Segundo o jornal Le Figaro, o Ministério de Exteriores da França assegurou que era uma viagem "privada" e que Dumas também não foi a Teerã como emissário do Partido Socialista (PS), ao qual pertence. O ex-ministro disse ao jornal que não avisou a "ninguém", mas planeja informar às autoridades francesas sobre o resultado da visita que realizou a convite de seu ex-colega iraniano, Ali Akbar Velayati, atual conselheiro diplomático do Guia Supremo da República Islâmica, Ali Khamenei. "Minha viagem foi particularmente útil, ainda mais porque aconteceu em um momento quente", disse o ex-ministro, que foi um colaborador próximo do falecido presidente francês, o socialista François Mitterrand. Velayati defende, segundo Dumas, "um pacote de proposições", que prevê, entre outros pontos, confiar a um consórcio administrado por europeus o processamento de urânio em território iraniano. A medida teria o objetivo de relançar, através da Eurodif (em cujo conselho de administração o Irã possui uma cadeira), a cooperação franco-iraniana que desembocou na construção do reator nuclear na região francesa de Drome, com fins civis. No início do mês, Dumas afirmou, em relação ao eventual acesso do Irã a armamento nuclear, que "ter a bomba atômica não é necessariamente um fator agravante". "É um fator de restabelecimento do equilíbrio e quem diz equilíbrio diz manutenção da paz", afirmou na ocasião. A posição do ex-ministro de Exteriores sobre o tema iraniano é oposta a da candidata socialista ao Palácio do Eliseu, Ségolène Royal. Para a presidenciável, é preciso negar inclusive o direito ao desenvolvimento da energia nuclear civil ao Irã, mesmo que esteja previsto no Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).

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