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Blair é acusado de forçar acusação de armas contra Iraque

Por Agencia Estado
Atualização:

Agentes de inteligência britânicos estão descontentes com as denúncias feitas pelo governo Tony Blair de que Saddam Hussein disporia de armas de destruição em massa prontas para serem usadas em 45 minutos, informou hoje a British Broadcasting Corp. O escritório do primeiro-ministro Tony Blair respondeu que a garantia, contida num dossiê de inteligência divulgado em 24 de setembro, foi resultado exclusivo do trabalho de agências de inteligência britânicas. "Nem uma única palavra do dossiê não foi trabalho exclusivo das agências de inteligência", garantiu o escritório de Blair num comunicado enviado à BBC. A BBC, entretanto, afirmou que suas fontes de inteligência não contestam a origem da informação, mas dizem que as agências eram céticas sobre a denúncia de armas de destruição em massa prontas para serem usadas em 45 minutos. "A informação que a meu ver era dúbia veio, sim, das agências mas eles estavam descontentes sobre ela porque eles não achavam que ela deveria estar lá", segundo o repórter da BBC Andrew Gilligan. "Eles achavam que ela não havia sido suficientemente confirmada e, na verdade, achavam que ela era incorreta. Eles consideravam que o informante que a conseguiu se equivocou, que ele entendeu mal o que estava ocorrendo". Segundo a BBC, um oficial não identificado disse que a denúncia não constava nos esboços iniciais do dossiê, mas foi acrescentada uma semana antes de sua publicação por ordem do escritório de Blair. "Ela foi incluída no dossiê contra nossa vontade porque ela não era confiável. A maioria das coisas no dossiê eram de dupla fonte, mas aquela era de uma única fonte, e acreditamos que essa fonte estava errada", teria dito o oficial. O ministro das Forças Armadas, Adam Ingram, confirmou numa entrevista que uma única fonte fez a denúncia. Ele negou, entretanto, que o escritório de Blair tenha insistido para incluir a afirmação no dossiê. "Não é o caso. Não houve pressão (do escritório de Blair). Essa alegação não é verdadeira", frisou. As garantias de que o Iraque possuía armas de destruição em massa foram as justificativas maiores do governo britânico para se unir aos Estados Unidos na guerra. Até agora, forças anglo-americanas no Iraque não apresentaram provas da existência de tais programas de armas químicas, biológicas ou nucleares. Blair, que visitou o sul do Iraque hoje, insistiu com repórteres que está convencido de que Saddam dispunha de tais armas. "Tenho dito em todos os lugares e vou apenas repetir a vocês, não tenho nenhuma dúvida da existência de armas de destruição em massa (no Iraque)", sublinhou. "E, ao invés de especular, vamos apenas esperar até que tenhamos o relatório completo das pessoas que estão entrevistando os cientistas iraquianos". A questão reemergiu depois que o secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, sugeriu na terça-feira que o Iraque poderia ter destruído suas armas proibidas antes da guerra. Robin Cook, um ex-secretário do Exterior que renunciou como líder na Câmara dos Comuns em protesto contra a guerra, disse que os comentários de Rumsfeld demonstram que sua posição era correta. "Se Donald Rumsfeld está agora admitindo que as armas não estão lá, a verdade é que as armas provavelemente não estavam lá há muito tempo", avaliou Cook. "Isso importa - e muito", acrescentou, "porque essa guerra foi vendida para a Câmara dos Comuns britânica, para o povo britânico, com base em que Saddam representava uma grave ameaça". include "$DOCUMENT_ROOT/internacional/guerra/ticker.inc"; ?>

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