PUBLICIDADE

Blair pede ajuda a muçulmanos contra extremismo

Segundo o primeiro-ministro, os muçulmanos britânicos moderados não estão fazendo o suficiente para enfrentar o extremismo em suas comunidades

Por Agencia Estado
Atualização:

O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, disse nesta terça-feira que os muçulmanos britânicos moderados não estão fazendo o suficiente para enfrentar o extremismo em suas comunidades, algo que, segundo ele, não pode ser derrotado apenas pelo governo. Blair fez a declaração um dia após uma pesquisa do jornal The Times indicar que 13% dos 1,6 milhão de muçulmanos britânicos acham que os quatro suicidas que mataram 52 pessoas em Londres no ano passado deveriam ser considerados "mártires". Falando antes do 1º aniversário dos atentados a bomba de 7 de julho contra o sistema de transporte de Londres, Blair disse que os líderes muçulmanos deveriam deixar claro aos extremistas não apenas que seus métodos são errados, mas sua ideologia, interpretação do Islã e seu "completamente falso senso de ressentimento contra o Ocidente". Logo depois dos atentados de 7 de julho, Blair prometeu que funcionários do governo trabalhariam com os muçulmanos britânicos para combater as ideologias radicais que estavam seduzindo uma minoria de jovens como os quatro que cometeram os atentados. Um ano mais tarde, ele disse que os esforços precisam ser intensificados. "Acho que a raiz do extremismo está nas atitudes e nas idéias mais do que nas organizações", declarou Blair ao Comitê da Câmara dos Comuns (Câmara Baixa). "Não acho que a resposta ao terrorismo seja simplesmente o trabalho da polícia e medidas de segurança." "O governo não pode ir e acabar com o extremismo nessas comunidades. Não sou a pessoas que deve ir à comunidade muçulmana e explicar a eles que essa visão radical não é a verdadeira face do Islã", declarou. O primeiro-ministro também disse que a ameaça de novos ataques na Grã-Bretanha era clara e queria "que nossa polícia e nossos serviços de segurança se concentrem em lidar com essa ameaça". Uma série de erros cometidos pela polícia intensificou o ressentimento entre muitos muçulmanos nos últimos meses, fazendo com que se sentissem visados injustamente. Duas semanas após os atentados ao metrô e um ônibus em Londres, policiais da Scotland Yard mataram o brasileiro Jean Charles de Menezes, que eles confundiram com um terrorista. Em 2 de junho, mais de 200 policiais invadiram uma casa no leste de Londres onde acreditava-se que uma bomba química estava sendo fabricada, e atiraram nas costas de um suspeito. Ele e seu irmão foram presos, mas acabaram sendo libertados sem nenhuma acusação. Mohammed Shafiq, da Fundação Ramadã, um grupo de jovens islâmicos engajados na luta contra o problemas de drogas no noroeste da Inglaterra, criticou os comentários de Blair, dizendo que ele fracassou em conversar com vastas áreas da comunidade muçulmana. "Ele não fez nenhum esforço para se aproximar de pessoas de fora de seu confortável núcleo de membros do Partido Trabalhista e os habituais suspeitos de organizações", disse Shafiq. "Isso nos leva a crer que o governo não está levando a sério sua aproximação com comunidades, onde o terrorismo pode ser combatido e erradicado." Blair também defendeu os esforços de seu governo para obter garantias de nações com baixos índices de direitos humanos para que elas não maltratem os suspeitos de terrorismo e os extremistas deportados pela Grã-Bretanha.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.