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Blair tenta aproximação discreta com a Síria

Segundo o Financial Times, objetivo é criar um canal de discussão para testar se damasco aceitaria se engajar no processo de paz no Oriente Médio

Por Agencia Estado
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Em um esforço diplomático secreto que não deve agradar os Estados Unidos, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, enviou no início desta semana seu principal conselheiro de assuntos exteriores para Damasco, capital da Síria. Segundo reportagem publicada pelo diário britânico Financial Times nesta terça-feira, o mensageiro do premier, Nigel Sheinwald, encontrou-se com o presidente sírio Bashar al-Assad e outras importantes figuras do regime. Ainda de acordo com o jornal, o objetivo da arriscada aproximação é parabenizar a Síria por seu afastamento de grupos e políticas radicais comuns no Oriente Médio. Londres e o governo sírio confirmaram nesta terça-feira que Sheinwald, um assessor muito próximo de Blair, encontrou-se com Assad na segunda-feira. Embora o Reino Unido mantenha relações diplomáticas com Damasco, a visita de Sheinwald é o encontro de mais alto nível entre o governo britânico e o regime de Assad desde o início do atual conflito no Iraque. Apesar da confirmação do encontro, Londres adiantou que a visita não representa uma mudança de estratégia da Grã-Bretanha em relação à Síria. Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha acreditam que Assad apóia grupos insurgentes no Iraque e organizações contrárias a Israel no Líbano e nos territórios palestinos - acusações que a Síria rechaça. Ainda assim, o Financial Times destaca que Blair pode estar tentando criar um canal de discussão para testar se as figuras mais proeminentes do regime sírio aceitariam se engajar no processo de paz no Oriente Médio e repensar suas alianças com o Irã. Blair acredita que qualquer avanço no sentido da paz na conturbada região depende de uma mudança nos posicionamentos da Síria em relação a Israel e o Irã. Estima-se que os líderes do grupo islâmico Hamas baseados em Damasco atuem para obstruir os planos de formação de um governo palestino de união nacional. Além disso, funcionários do governo libanês afirmam que a Síria está tentado rearmar o grupo guerrilheiro Hezbollah. A aproximação proposta por Blair vai de encontro com as política da administração Bush. Os Estados Unidos, que no ano passado retiraram seu embaixador de Damasco, acreditam que medidas como essa podem levar a uma postura mais desafiadora do regime de Assad. Entretanto, um comitê do Congresso liderado pelo ex-secretário de Estado americano James Baker está procurando opções para o fim do conflito no Iraque, e pode vir a recomendar a renovação dos contatos com a Síria.

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