Bloco laranja triunfa na Ucrânia

Coalizão pró-Ocidente terá de superar divergências para formar governo

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Por NYT , AP e Reuters
Atualização:

Embora a apuração na Ucrânia não tenha terminado oficialmente, era possível dizer ontem que a coalizão laranja, formada pela ex-premiê Yulia Timoshenko e pelo atual presidente, Viktor Yushchenko, venceu as eleições parlamentares. No entanto, a confirmação da vitória dos partidários da entrada do país na União Européia não significou o fim da crise. O primeiro problema dos dois será montar um governo de coalizão. Apesar de objetivos comuns, como a ambição européia, Timoshenko e Yushchenko não são grandes amigos. Desentendimentos levaram o presidente a demiti-la do cargo de premiê, em 2005. Para piorar, os dois já anunciaram que concorrerão à presidência em 2009, o que não é sinal de vida longa para a aliança. Resolvidas as discordâncias, a coalizão laranja terá de descobrir o que fazer com o candidato derrotado, o atual primeiro-ministro Viktor Yanukovich, que ainda não reconheceu a derrota. Ele representa a minoria russa da Ucrânia e foi o mais votado nas eleições, com 34%. O chamado bloco azul, de Yanukovich, conta ainda com os 6% de votos dos comunistas, totalizando 40% - contra 45% da soma da coalizão laranja. O grande revés de Yanukovich, porém, foi o fato de o Partido Socialista, também aliado seu, ter terminado com 2,9% dos votos, não alcançando os 3% necessários para entrar no Parlamento. Com a votação dos socialistas, o atual premiê poderia compor um governo com o pequeno Bloco Litvin, de centro, que levou 4% do eleitorado. De qualquer forma, como ninguém obteve maioria absoluta, o país continua dividido entre os partidos pró-UE, da coalizão laranja, e os pró-Rússia, do bloco azul. Assim, mesmo que superem as divergências, formem um governo e mantenham Yanukovich isolado, a dupla Timoshenko e Yushchenko terá de superar a pressão da Rússia para cumprir a promessa de campanha: colocar a Ucrânia na UE e na Otan. A tarefa não é fácil. Ontem, o Kremlin voltou a ameaçar cortar o fornecimento de gás dos ucranianos, ação interpretada como a primeira de muitas retaliações dos russos à escolha de um governo contrário a Moscou. A pressão está sendo feita por meio da estatal russa Gazprom. Ontem, o porta-voz da companhia, Serguei Kuprianov, anunciou que a Ucrânia tem uma dívida de US$ 1,3 bilhão com a empresa. ''''Se a questão da dívida não for resolvida ainda este mês, a Gazprom será obrigada a reduzir a provisão de gás'''', disse. Antes da eleição, o embaixador russo em Kiev, Viktor Chernomirdin, havia sido menos sutil. ''''O preço do gás para a Ucrânia dependerá de quem chegar ao poder'''', afirmou.

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