A indefinição da Europa em estabelecer uma nova política para os refugiados deixa milhares deles presos nas diferentes fronteiras do continente e, diante da frustração e temor de serem deportados, iniciam dezenas de confrontos com polícias locais.
No acampamento de Roszke, na Hungria, mais de 500 pessoas conseguiram escapar do cerco policial e o governo fechou a estrada que liga o país à Sérvia. O caos também tomou conta da fronteira sul da Hungria. A ONU estima que mais 40 mil pessoas devem chegar ao país nos próximos sete dias.
O resultado do impasse político sobre as cotas que cada país europeu terá de assumir se traduz, agora, em uma crise em Roszke, na passagem de fronteira. O Estado presenciou dois confrontos entre policiais e refugiados. “No camp, no camp”, gritava um grupo de sírios, num apelo para que não fossem levados para acampamentos de refugiados. O imigrantes são conduzidos em caminhões usados para transportar criminosos.
Desde terça-feira, mais de uma dezena de incidentes foram registrados com pessoas tentando escapar de um cordão de proteção formado por dezenas de policiais.
“Estamos aqui há dois dias e não sabemos o que vai ocorrer”, disse Ali Dohab, um estudante de engenharia na Síria. “O que eu quero é viver como um ser humano. Uma família, uma mulher, um cachorro. Não é o sonho americano. É o sonho de qualquer pessoa.”
A crise também causou mal-estar entre o governo do premiê húngaro, Viktor Orbán, e a Comissão Europeia. Jean Claude Juncker, presidente da entidade europeia, atacou ontem a decisão tomada por Budapeste de bloquear a passagem de refugiados.
“Podemos construir muros. Mas imagine por um segundo você, com seu filho nos braços, e o mundo que você conhece foi destruído. Não haveria um preço que você não pagaria, não haveria um muro que você não pularia”, afirmou.
Para ele, a Europa “já fez o erro no passado de distinguir entre judeus, cristãos e muçulmanos. Não existe religião quando se trata de refugiados”.