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Bloqueio na Hungria causa novos confrontos

Refugiados impedidos de cruzar território húngaro para chegar à Áustria e à Alemanha levam Comissão Europeia a criticar Budapeste

Por Jamil Chade , ROSZKE e HUNGRIA
Atualização:

A indefinição da Europa em estabelecer uma nova política para os refugiados deixa milhares deles presos nas diferentes fronteiras do continente e, diante da frustração e temor de serem deportados, iniciam dezenas de confrontos com polícias locais.

No acampamento de Roszke, na Hungria, mais de 500 pessoas conseguiram escapar do cerco policial e o governo fechou a estrada que liga o país à Sérvia. O caos também tomou conta da fronteira sul da Hungria. A ONU estima que mais 40 mil pessoas devem chegar ao país nos próximos sete dias.

Polícia húngara escolta imigrantes que fugiram de volta ao campo de refugiados em Roszke, na fronteira com a Sérvia Foto: REUTERS/Marko Djurica

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O resultado do impasse político sobre as cotas que cada país europeu terá de assumir se traduz, agora, em uma crise em Roszke, na passagem de fronteira. O Estado presenciou dois confrontos entre policiais e refugiados. “No camp, no camp”, gritava um grupo de sírios, num apelo para que não fossem levados para acampamentos de refugiados. O imigrantes são conduzidos em caminhões usados para transportar criminosos.

Desde terça-feira, mais de uma dezena de incidentes foram registrados com pessoas tentando escapar de um cordão de proteção formado por dezenas de policiais.

“Estamos aqui há dois dias e não sabemos o que vai ocorrer”, disse Ali Dohab, um estudante de engenharia na Síria. “O que eu quero é viver como um ser humano. Uma família, uma mulher, um cachorro. Não é o sonho americano. É o sonho de qualquer pessoa.”

A crise também causou mal-estar entre o governo do premiê húngaro, Viktor Orbán, e a Comissão Europeia. Jean Claude Juncker, presidente da entidade europeia, atacou ontem a decisão tomada por Budapeste de bloquear a passagem de refugiados.

“Podemos construir muros. Mas imagine por um segundo você, com seu filho nos braços, e o mundo que você conhece foi destruído. Não haveria um preço que você não pagaria, não haveria um muro que você não pularia”, afirmou.

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Para ele, a Europa “já fez o erro no passado de distinguir entre judeus, cristãos e muçulmanos. Não existe religião quando se trata de refugiados”. 

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